A Lavoura homenageia o Dia do Apicultor: mais que uma profissão, uma declaração de amor à natureza

Homens e as mulheres que trabalham com a criação das abelhas podem ser chamados de guardiões desses insetos, que estão ameaçados de desaparecimento por diversos motivos. Foto: Divulgação CATI/SAA

A apicultura é uma das atividades da agropecuária que pode ser caracterizada como ecologicamente correta, economicamente viável e socialmente justa, ou seja, contempla os três pilares da produção sustentável.

Seu nome tem como origem o gênero de abelhas Apis – (Apis mellifera) ou seja, “abelhas africanizadas”, ou “com ferrão”, cujo criador é o apicultor, que tem no dia 22 de maio (escolhido por coincidir com o Dia de Santa Rita de Cássia, padroeira dos apicultores) uma data de celebração de seu trabalho que, para muitos é considerado uma missão.

Isso porque os homens e as mulheres que trabalham com a criação das abelhas podem ser chamados de guardiões desses insetos, que estão ameaçados de desaparecimento por diversos motivos.

Elas são importantes para a manutenção e o desenvolvimento da biodiversidade, e essenciais para a produção de alimentos, por serem responsáveis pela polinização das plantas, sendo reconhecidas como as mais importantes para essa função em escala global.

CRIAÇÃO DE ABELHAS

O apicultor atua diretamente na criação de abelhas e no seu manejo para incentivar a produção de mel com qualidade para o consumo humano, de modo profissional ou como hobby. É uma atividade muito antiga, originária do Oriente.

A espécie de abelha criada pelos apicultores é a Apis mellifera, que, além de produzir o mel, também produz cera, pólen, geleia real, própolis e até mesmo o veneno, que pode ser utilizado na medicina. Mas o apicultor também pode criá-las com outras finalidades, como a de vender espécimes para outros apicultores, ou então para utilizá-las na polinização de determinadas áreas (apicultura migratória).

Há ainda apicultores amadores que apenas criam abelhas pela satisfação de colherem o próprio mel, assim como também há apicultores que criam abelhas com intenções científicas, para observação de comportamento e outras ações.

MANEJO DE COLMEIAS

Pode-se dizer que o seu principal papel é manejar e cuidar das colmeias, mas não é só isso que consiste a profissão.

“Não basta ter algumas colmeias para ser apicultor. É preciso dominar o manejo, entender o comportamento social das abelhas, sua biologia e estar sempre se atualizando sobre as técnicas de apicultura”, diz Osmar Mosca Diz, engenheiro agrônomo da Divisão de Extensão Rural da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Dextru/CATI), vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA).

Para ele, deve-se ainda ter respeito e muita responsabilidade ao lidar com as abelhas: “O apicultor é uma pessoa que presta um bem grandioso à sociedade, colhendo e disponibilizando o mel, cuidando e protegendo as abelhas de seu apiário, as quais visitam inúmeras florestas e campos de produção diariamente, realizando o processo de polinização”.

MAIS VALOR À PROFISSÃO

Na visão de Luis Fernando de Aguiar, engenheiro agrônomo responsável pela Casa da Agricultura de Monte Alegre do Sul, pertencente à área de atuação da CATI Regional Bragança Paulista, e que também é apicultor, a profissão deve ser muito valorizada.

“Além do apelo ambiental e benefícios prestados ao meio ambiente, principalmente pela polinização, a apicultura possui rentabilidade e retorno financeiro como poucas outras atividades agropecuárias, fato que a coloca como uma boa alternativa de renda para os produtores rurais”, garante o especialista.

Ele pondera, no entanto, que “a instalação de apiários deve ser cuidadosa e criteriosa, no sentido de escolher um bom lugar para as abelhas e para os apicultores, ou seja, com boas floradas e que, ao mesmo o tempo, não coloque em risco as pessoas que vivem ou trabalhem em seu entorno, evitando acidentes de ataque durante o manejo das colmeias”.

O agrônomo, recentemente, recebeu um prêmio nacional pela qualidade do mel produzido em sua propriedade.

APOIO EM SP

Considerada uma das grandes opções para a agricultura familiar, por proporcionar o aumento de renda e a fixação do homem no campo pela oportunidade de aproveitamento da potencialidade natural do meio ambiente e da sua capacidade produtiva, a apicultura está em franca expansão e precisa de estímulo e incentivo.

“Em São Paulo, é fato que existe um grande potencial apícola (flora e clima) não explorado e a grande possibilidade de se maximizar a produção. Para tanto, é necessário que o produtor possua conhecimentos mais específicos para aumentar a produtividade”, explica João Brunelli Júnior, coordenador da CATI.

A instituição, por essa razão, está sempre atenta ao movimento crescente da apicultura em São Paulo, tem incentivado os apicultores a se organizarem, visando à formalização da produção artesanal, com agregação de valor e maior inserção no mercado. Para tanto, além de orientação técnica, tem realizado a transferência de tecnologia gerada pela pesquisa, com capacitações, entre outras ações.

PROJETOS

Por meio do Projeto Microbacias II – Acesso ao Mercado, associações e cooperativas de produtores familiares e de comunidades tradicionais (quilombolas e indígenas) têm sido beneficiadas com recursos para a aquisição de equipamentos e construção das chamadas Casas do Mel, áreas para o beneficiamento de produtos apícolas. Até o momento, foi investido mais de R$ 1,6 milhão.

“Estamos apoiando projetos em todo o Estado, envolvendo inúmeras famílias, contribuindo para que as atividades de apicultura e meliponicultura (criação de abelhas sem ferrão) gerem renda, com agregação de valor, colocando no mercado produtos da agricultura familiar com rótulo (mel e derivados). Temos um grande número de técnicos envolvidos nesse trabalho, com atuação constante”, informa Brunelli.

Presidente da Associação de Apicultores do Polo Cuesta, do município de Itatinga, o apicultor Joel Santiago de Andrade reconhece a importância do Projeto Microbacias II, desenvolvido pela CATI, para a expansão da atividade dos associados.

“Tivemos a primeira proposta de negócios aprovada em 2011. De lá pra cá, nossa situação na Associação mudou muito. Tínhamos 30 associados, e hoje somos mais de 80. Dispomos de melhores condições e estrutura para beneficiar o mel e conseguimos agregar valor e obter um preço melhor. Antes, vendíamos o mel a R$ 4,50 o quilo e hoje comercializamos a mais de 12 reais o quilo. Nosso produto passou a ter mais mercado; muitas vezes, antes de colhermos o mel, ele já está vendido”, garante Andrade.

DIFUSÃO DE CONHECIMENTO

Para contribuir com a difusão de conhecimento, a instituição tem disponível no seu catálogo de publicações o Boletim Técnico 202 – Apicultura, importante material que auxilia os iniciantes e estimula os apicultores de longa data.

Ainda na área editorial, a CATI mantém disponível em seu site uma edição especial da Revista Casa da Agricultura sobre o tema, que pode ser acessada via link http://www.cati.sp.gov.br/revistacasadaagricultura/17/index.html.

Fonte: CATI com edição d’A Lavoura

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp