Mel orgânico brasileiro conquista mercados exigentes, destaca diretor da SNA

Alta qualidade, valor agregado e diversidade de sabores foram os apelos que levaram o produto brasileiro a conquistar mercados exigentes. Foto: Divulgação

Praticamente todo mel orgânico produzido no Brasil é exportado e mais de 70% destinam-se aos Estados Unidos. Alta qualidade, valor agregado e diversidade de sabores foram os apelos que levaram o produto brasileiro a conquistar mercados exigentes, uma lista que também inclui alguns países da Europa, Japão, China, Hong Kong, Argentina, Peru e Uruguai.

“O mel brasileiro é reconhecido no mercado externo pela alta qualidade para exportação, pela variedade, por ser puro e livre de resíduos”, atesta José Milton Dallari, diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).

Ele destaca que o mel e a cera de abelha entram na composição de produtos veterinários e de medicamentos para uso humano: “Existe ainda o mel verde, o mais valorizado, que é exportado basicamente para o Japão”.

Dallari é produtor de café na região de Serra Negra, na Serra da Mantiqueira, na divisa de São Paulo com o Sul de Minas Gerais, onde mantém uma criação de abelhas para a polinização dos cafezais.

“A produção de mel (de café, de eucalipto e silvestre) é pequena: cerca de cem quilos anuais”, informa.

 

Diretor técnico da SNA, José Milton Dallari relata que o mel e a cera de abelha entram na composição de produtos veterinários e de medicamentos para uso humano. “Há ainda o mel verde, o mais valorizado, que é exportado basicamente para o Japão”, diz. Foto: Divulgação

MELHOR MOMENTO PARA O BRASIL

Presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Mel (Abemel), Agenor Sartori Castagna afirma que “a atividade apícola brasileira está vivendo o melhor momento de todos os tempos”. “O preço do mel, acima de três dólares, está muito atraente para exportar.”

Dados da Confederação Brasileira de Apicultura revelam que o número de apicultores aumentou 4,5%, nos últimos dez anos. Embora não haja estatística oficial, a instituição estima que a cadeia produtiva do mel movimente 360 milhões de dólares no Brasil.

De uma produção destinada a atender o consumo doméstico, uma janela de oportunidade surgiu para o Brasil, depois que China e Argentina, maiores exportadores mundiais de mel, tiveram suas exportações embargadas, por causa de problemas sanitários.

“Isso refletiu no aumento dos embarques de mel e subprodutos e favoreceu a apicultura brasileira”, conta o presidente da Abemel.

Segundo ele, a apicultura brasileira tem alto potencial de crescimento e está em evolução: “O mercado externo é comprador, se tivéssemos 40 mil toneladas de mel orgânico exportaríamos todo esse volume”. Ainda acrescenta que algumas indústrias operam com capacidade ociosa.

 

“A atividade apícola brasileira está vivendo o melhor momento de todos os tempos. O preço do mel, acima de 3 dólares, está muito atraente para exportar”, afirma Agenor Sartori Castagna, presidente da Abemel. Foto: Divulgação

BALANÇO

O balanço do setor (base de dados 2015 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE), divulgado recentemente pela Abemel, revela que o Brasil produziu 42,2 milhões de toneladas de mel, frente às 37,8 mil toneladas no ano anterior.

Já as exportações, totalizaram 22,2 mil toneladas e receita de US$ 81,7 milhões (base 2015, AliceWeb – Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior, da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).

Em 2016, os embarques de mel totalizaram 24,2 mil toneladas e apuraram receita de R$ 92 milhões, calcula Castagna.

“A expectativa é muito boa, para 2017, apostamos no aumento das exportações, mas o efeito de La Ninha prenuncia um ano de seca, que poderá afetar a produtividade”, ressalta.

 

MOVIMENTO CRESCENTE

De acordo com o diretor da SNA José Milton Dallari, há mais de dez anos, produtores de São Paulo, Paraná e Piauí (um dos que possui a melhor estrutura de produção de mel no país) iniciaram um movimento para aprimorar o produto brasileiro.

“A iniciativa tem contribuído para melhorar o controle da qualidade e o brix do mel, além de aprimorar os subprodutos (própolis, geleia real e cera)”, diz.

Em 2010, a Abemel, com o apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), realizou o Planejamento Estratégico Setorial Apícola, um projeto de cinco anos, com o objetivo de organizar o setor e criar uma política nacional apícola.

Castagna informa que o planejamento resultou em um conjunto de diretrizes e projetos estratégicos, com foco na melhoria da produção, da qualidade e da produtividade da apicultura e no aumento das exportações dos produtos apícolas.

Segundo o presidente da Associação, além de mel, a apicultura do Brasil também é referência na produção de cera de abelha, geleia real, pólen e própolis (antibiótico natural, com ação antibacteriana, antifúngica, antioxidante e imunoestimulante).

Outro destaque na atividade apícola é a própolis verde, de alecrim-do-campo, encontrada na Zona da Mata de Minas Gerais e no leste de São Paulo, usada como suplemento alimentar e como medicamento.

 

BIODIVERSIDADE

Em função da biodiversidade, o mel brasileiro possui uma variedade de cores e sabores. Além do mel de cana-de-açúcar, laranja, café, eucalipto e silvestre, ainda há os de assa-peixe, bracatinga, marmeleiro, capixingui e cipó-uva.

“A atividade apícola é uma aliada da produtividade agrícola e da biodiversidade, graças à capacidade polinizadora das abelhas, o que resulta no aumento da disponibilidade de frutos e sementes para a manutenção de ecossistemas”, ressalta Castagna.

Atualmente a apicultura se concentra em São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande Sul, Minas Gerais e Piauí. Conforme Dallari, “cada propriedade rural do Brasil tem uma pequena produção. Também há produtores que fazem do mel uma atividade econômica”.

 

SEGURANÇA ALIMENTAR

Produtores e exportadores de mel e produtos apícolas brasileiros estão buscando atender às exigências do mercado em relação à qualidade e à segurança dos alimentos. Nesse sentido, entre as estratégias utilizadas estão as Boas Práticas de Fabricação; HACCP – Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle; e SAP – Programa de Segurança Alimentar, incluindo o sistema de rastreabilidade do campo ao consumidor.

O Brasil também possui o Programa de Padronização da Cadeia Apícola Nacional, que garante a qualidade dos produtos e processos.

 

Por equipe SNA/SP

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