Morre um dos pioneiros da internet no Brasil

Um dos pioneiros da internet no Brasil, o professor Alberto Courrege Gomide  morreu no dia 17 de outubro, em decorrência de complicações de uma cirurgia pulmonar, aos 74 anos. Foi ele quem especificou o software para receber na sede da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) o primeiro sinal da internet no País, em janeiro de 1991.

Graças a iniciativas precursoras como essa que, hoje em dia, mais de 70% dos produtores rurais brasileiros acessam a internet via smartphones, segundo revela a pesquisa “Tecnologia da Informação no Agronegócio”, divulgada dia 28 de julho deste ano, pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Engenheiro eletricista formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, em 1972, e mestre em Matemática Aplicada pela mesma instituição, em 1981, era o gerente de informática adjunto da Fapesp na equipe de Demi Getschko – atualmente diretor presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) –, que administrava várias redes acadêmicas existentes naquele momento, antes da internet.

O INÍCIO

Um ano antes de o Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab) entrar na internet, existia uma conexão direta da Fundação de Amparo à Pesquisa com esse laboratório de física de altas energias nos Estados Unidos, por onde trafegava a comunicação acadêmica com o mundo. Gomide foi até lá conhecer a nova rede e suas configurações.

Em 1990, Gomide integrava também a An Academic Network of Sao Paulo (ANSP), criada pela Fapesp para administrar as redes de informática com as universidades e institutos paulistas.

Quando o software chegou à Fapesp, meses depois da visita ao Fermilab, Gomide configurou o software em uma das suas paixões, os computadores da marca Digital. “A única mudança que senti foi a efetivação do domínio ponto br para os e-mails”, disse Gomide em reportagem na revista Pesquisa Fapesp. Como eram muitas redes, a internet não trouxe grandes novidades para Gomide e seus colegas de profissão na Fundação.

OLHAR CUIDADOSO

Quando a internet começou a crescer, conta Getschko, “os pedidos chegavam à Fapesp e o Gomide olhava um por um e dizia: Quem é você? É provedor? Então não pode ser acadêmico, vai ser .com.br.

Os primeiros registros .com.br foram realizados por Gomide à mão. Não precisava de um software. Ele examinava caso a caso e fornecia o número IP [Protocolo Internet que identifica cada computador, ou hoje também, celular, TV etc]”. Esse registro logo mudou para um software específico.

ATUAÇÃO

Antes da Fapesp, Gomide trabalhou no Centro de Computação Eletrônica da USP, onde conheceu Getschko, e no Centro de Computação e Informática da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Também foi analista e consultor na Companhia de Processamento de Dados do Município de São Paulo (Prodam), na Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp), na Companhia Energética de São Paulo (Cesp) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP).

Também atuou nas empresas Grupo Eldorado, Unysys e Bolsa de Valores de São Paulo. A partir de 2005, foi professor no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) e Instituto Sumaré de Educação Superior.

Fontes: Agência Fapesp e Sebrae com edição da Revista A Lavoura

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp