Soja: mercado fecha em queda pela quarta sessão consecutiva

Os contratos futuros da soja, em um pregão mais curto na véspera do feriado de 4 de julho, fecharam em baixa pela quarta sessão consecutiva. Os principais vencimentos registraram quedas de 5,25 a 5,50 centavos, com o agosto/18 cotado a US$ 8,48 e o novembro a US$ 8,64 ¼ o bushel.

Vlamir Brandalizze, analista da Brandalizze Consulting, salienta que a CBOT está chegando a um preço abaixo do custo de produção norte-americano. Este momento pode obrigar o governo dos Estados Unidos a tomar atitudes para proteger o setor agrícola nacional.

Brandalizze avalia que o governo norte-americano está “criando um incêndio maior do que o que tentou apagar”, gerando uma situação delicada para a economia local.

Hoje, o produtor dos Estados Unidos está perdendo US$ 2,00 por bushel de soja, de forma que não deve conseguir cobrir suas dívidas. A situação, como visualiza o analista, é “o crash do setor agrícola’ para o país”.

Mercado interno

No mercado brasileiro, as cotações estiveram próximas de R$ 91,00, para pagamento na metade de setembro, próximo dos melhores níveis do ano. Essa briga entre China e Estados Unidos acabou trazendo o mercado para cá, de forma que as cotações se encontram nessa situação.

Exportação de soja do Brasil

As exportações de soja do Brasil aumentaram 13,3% em junho na comparação anual, apesar das incertezas quanto aos fretes e foram recordes para o primeiro semestre do ano, informou nesta terça-feira a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Foram embarcadas 10.42 milhões de toneladas no mês passado, contra pouco mais de 9 milhões um ano antes. Em relação a abril, quando o país exportou um recorde de 12.35 milhões de toneladas, houve queda de 15,6%.

A retração mensal nas vendas de soja do Brasil, o maior exportador global da oleaginosa, reflete os protestos de caminhoneiros e as indefinições quanto ao tabelamento de fretes, enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) ainda trabalha por um acordo entre a categoria e setor produtivo.

As manifestações de maio respingaram nas programações de embarques e as discussões sobre os fretes ao longo de junho reduziram o transporte da soja até os portos.

Em meados do mês passado, a fila de navios aguardando para carregar soja do Brasil estava 60% maior na comparação anual, justamente porque havia menos oferta nos terminais para embarque.

Nem mesmo a disparada do dólar estimulou negócios no setor, com gigantes como Bunge e Archer Daniels Midland (ADM) fora do mercado dado o receio sobre a obtenção de transporte.

Entidades como ANEC, Acebra e Abiove emitiram comunicado ressaltando que as exportações brasileiras seriam afetadas.

O Brasil colheu neste ano um recorde de quase 120 milhões de toneladas de soja, na esteira de boas produtividades após um plantio que gerou preocupações por causa da seca.

Segundo a Secex, no primeiro semestre o Brasil exportou um recorde 46.3 milhões de toneladas de soja, mais da metade do esperado para todo o ano, de pouco mais de 70 milhões de toneladas.

Milho: Na véspera do feriado, mercado foca na safra americana e fecha em alta

Os contratos futuros do milho, em um pregão mais curto na véspera do feriado de 4 de julho, fecharam em alta. Os principais vencimentos registraram ganhos de 5 a 5,25 centavos, com o setembro/18 cotado a US$ 3,52 e o dezembro a US$ 3,64 ¼ o bushel.

Os contratos futuros do trigo, em um pregão mais curto na véspera do feriado de 4 de julho, fecharam em alta. Os principais vencimentos registraram ganhos de 9 a 10,75 centavos, com o setembro/18 cotado a US$ 4,91 e o dezembro a US$ 5,06 ½ o bushel.

Segundo as agências internacionais, as cotações da commodity encontraram sustentação nas preocupações com o clima no Meio-Oeste norte-americano. “O clima quente nos Estados Unidos, levantou preocupações com a safra de milho, que deve começar a polinização esse mês”, destacou a Reuters.

Em contrapartida, em outras regiões do cinturão de produção, a preocupação é com o excesso de chuvas e até mesmo inundações, ainda segundo a Reuters. Para o período de 9 a 13 de julho, as previsões ainda indicam temperaturas acima da normalidade e chuvas abaixo do normal no Meio-Oeste.

“Estamos começando a ouvir mais sobre problemas no sul de Minnesota e no norte de Iowa, uma área muito importante de produção com muita água. E esta cúpula de calor está pendurada por um tempo e há rumores de que noites quentes estão afetando a safra de milho”, disse Jim Gerlach, presidente da A/C Trading.

Por outro lado, as tensões comerciais entre Estados Unidos e China permanecem no radar do mercado. As tarifas impostas por Pequim sobre os produtos norte-americanos entram em vigor na próxima sexta-feira (6). A expectativa é que esse cenário afete as exportações norte-americanas.

Mercado brasileiro

Segundo levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas, em Campinas (SP), a saca recuou 4,15%, com a saca cotada a R$ 37,00.

Na região de Rio do Sul (SC), a saca cedeu 2,78%, cotada a R$ 35,00. Já em Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, a saca caiu 1,92% e foi cotada a R$ 25,50 a saca. Nas demais praças pesquisadas o dia foi de estabilidade.

Os negócios continuam em ritmo lento no mercado doméstico, dizem os analistas. Isso porque, os compradores ainda acompanham o avanço da colheita da safrinha no país. O impasse sobre o tabelamento do frete também segue no radar dos participantes do mercado e segue impactando os negócios.

Safrinha MS

Mato Grosso do Sul fechou o mês de junho com 3,4% da área cultivada com milho na safra de inverno, também chamada de segunda safra ou safrinha, colhida. É o que aponta a circular do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (SIGA), da Associação dos Produtores de Soja do estado (Aprosoja) e Federação de Agricultura e Pecuária (Sistema Famasul).

Neste ciclo a Aprosoja/MS projeta uma redução de 29,31% na produção em relação ao anterior, com queda de 9.816 milhões para 6.936 milhões de toneladas. A redução, segundo a entidade, ocorre em razão da diminuição da área plantada em 8,21%, de 1.8 milhão para 1.7 milhão de hectares e ainda a variação climática.

Entre abril e maio, já com o cereal plantado, houve uma estiagem que em muitas propriedades foi superior a 40 dias, o que impactou desde as lavouras que estavam no estágio de desenvolvimento vegetativo até aquelas que já tinham atingido o período de floração e de frutificação.

Em razão desse quadro, a produtividade que na temporada passada foi de 88,3 sacas por hectare deve despencar neste ciclo para 68 sacas por hectare.

Segundo a Aprosoja/MS, dos 1.7 milhão de hectares cultivados nesta temporada com o cereal, 56.200 hectares já foram colhidos. Entre as regiões do estado, a que está com o trabalho mais avançado é a norte, com média de 8,5% de áreas colhidas, enquanto que no centro o percentual é de 2,5% e no sul de 2,3%.

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