Brasil deve liderar as exportações globais de soja e de milho

O Brasil nunca foi tão decisivo para o abastecimento global de alimentos quanto nesta safra 2022/23. Pela primeira vez na história, o País deverá liderar as exportações mundiais de milho e responder por quase 55% dos embarques da soja, indicaram novas estimativas divulgadas ontem pelo USDA.

Com as colheitas maiores este ano, os grãos brasileiros estão ocupando o espaço deixado pelos produtos americanos, argentinos e ucranianos, cujas vendas ao exterior diminuíram devido aos problemas climáticos ou geopolíticos.

O USDA estima uma safra brasileira de milho da ordem de 125 milhões de toneladas, ou 10,90% do total global, e prevê embarques de 50 milhões de toneladas, 27,60% do volume transacionado entre países. No ciclo 2021/22, o País representou 9,60% da produção e 23,50% dos embarques.

Vale lembrar que o Brasil começou a exportar milho para a China no ano passado, e que o volume de vendas tende a aumentar, independentemente dos concorrentes.

Se forem confirmadas as estimativas do USDA, o Brasil, com 92 milhões de toneladas, responderá por uma fatia recorde de 54,90% das exportações mundiais de soja em grão em 2022/23, contra 51,40% em 2021/22, sendo que a produção do País representa pouco menos de 40% do total global.

A produção americana de soja é 4,20% menor nesta safra do que foi em 2021/22, de 116.4 milhões de toneladas, por causa de períodos de seca e frio extremo no último trimestre de 2022. Vice-líder nas exportações da oleaginosa já há alguns anos, o país deverá embarcar 7,80% menos (54.2 milhões de toneladas).

Quedas

E as exportações de milho também cairão 22,10%, segundo o USDA, para 48.9 milhões de toneladas, acompanhando a queda de quase 9% da produção, estimada pelo USDA em 348.75 milhões de toneladas.

Ainda em guerra com a Rússia, a Ucrânia deverá exportar 22.5 milhões de toneladas de milho, abaixo das 26.9 milhões de toneladas do ciclo anterior e das 23.86 milhões de toneladas de 2020/21.

Vale lembrar que o país retomou os embarques pelo Mar Negro com a criação de um corredor seguro intermediado pela Organização das Nações Unidades (ONU). Mas o volume até agora está abaixo do que era registrado antes da invasão russa.

A forte seca na Argentina deverá reduzir a colheita de milho do país para 47 milhões de toneladas, contra 49 milhões de toneladas em 2021/22. No caso da soja, a queda estimada pelo USDA é de 43.9 milhões para 41 milhões de toneladas na comparação entre as safras.

As quedas são ainda mais significantes em relação à estimativa do USDA divulgada em dezembro, quando a expectativa era de uma colheita de 55 milhões de toneladas de milho e 49.5 milhões de soja neste ciclo na Argentina.

Fase crítica

Francisco Queiroz, analista da Consultoria Agro do Itaú BBA, disse que as lavouras da Argentina ainda estão em uma fase crítica, em que precisam de chuva. “Essa quebra pode ser ainda maior”, indicou. Ontem, a Bolsa de Rosário estimou colheita de 34.5 milhões de toneladas de soja e 42.5 milhões de toneladas de milho no país.

“Parte da redução dos embarques da Argentina o USDA adicionou na conta do Brasil. Os nossos produtos ganharam destaque no mundo, porque aumentamos a área e a produtividade”, afirmou Queiroz. Segundo ele, o dólar acima de R$ 5,00 nos últimos meses torna o grão brasileiro mais barato que o americano para os importadores.

Receita

Segundo as mais recentes projeções da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que também estima as exportações de soja do país em 92 milhões de toneladas, a receita obtida com essas vendas chegará a quase US$ 53 bilhões.

E considerando o preço médio da tonelada exportada em janeiro de 2023, no caso do milho o valor tende a superar US$ 14 bilhões. Em 2022 foram US$ 46.7 bilhões e US$ 12.2 bilhões, respectivamente.

Segundo o USDA, o Paraguai também deverá aumentar as suas vendas internacionais de soja nesta safra. O país embarcará 6.3 milhões de toneladas de soja, mais do que o dobro do ano-safra passado e praticamente o mesmo volume de 2020/21. Na temporada 2021/22, a produção paraguaia registrou forte quebra, que limitou os embarques.

Fonte: Valor
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