Brasil está mais dependente da importação de fertilizantes

Hélio Sirimarco: tendência é de diminuição nas importações de fertilizantes, diante da alta dos custos de produção no País  FOTO - Arquivo/SNA
Hélio Sirimarco, vice-presidente da SNA: tendência mostra uma certa diminuição nas importações de fertilizantes, diante da alta dos custos de produção no País   FOTO – Arquivo/SNA

Continua a crescer o nível de dependência do Brasil quanto à importação de insumos agrícolas, inclusive de fertilizantes. Dados recentes da INTL FCStone apontam que o aumento do consumo de fertilizantes está relacionado, em primeira instância, às importações. Já a produção doméstica apresenta fraco crescimento.

De acordo com a consultoria, os produtores brasileiros aumentaram em 13,7% o consumo de fertilizantes nos últimos quatro anos, passando de 28.326 milhões de toneladas em 2011 para 32.209 milhões de toneladas em 2014.

O vice-presidente da SNA, Helio Sirimarco, acredita que a dependência externa na aquisição de adubos pode ser explicada pela falta de projetos para a expansão da produção nacional. “A principal obra que poderia colaborar com a redução das compras externas, mantida pela Petrobras, é a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN III), no município de Três Lagoas (MS), que é um projeto no valor de R$ 2.1 bilhões, mas está paralisado desde dezembro de 2014, sem previsão para retorno”.

A partir de análise da INTL FCStone, os adubos produzidos no Brasil perderam participação no mercado para produtos trazidos do exterior cuja formulação apresenta maior teor de nutrientes da mistura NPK em suas fórmulas.

ECOS DO PLANO SAFRA

Estatísticas da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (ANDA), relativas ao período de janeiro a maio de 2015, mostram que a produção nacional de fertilizantes foi de 3.621 mil toneladas, contra 3.432 mil toneladas do mesmo período do ano anterior, representando aumento de 5,5%.

A produção dos fertilizantes nitrogenados registrou crescimento de 18,1%, a de fosfatados aumentou 4,2% e a do potássio obteve alta de 1,1%.

Já as importações de fertilizantes intermediários, segundo a ANDA, alcançaram 7.255 mil toneladas nos últimos cinco meses, indicando redução de 18,5 % em relação ao mesmo período de 2014, quando 8.900 mil toneladas foram descarregadas pelos portos brasileiros.

Foram registradas reduções nos nitrogenados de 6,8%, nos fosfatados de 26,9% e nos fertilizantes potássicos de 24,9%. Pelo porto de Paranaguá, a principal porta de entrada dos fertilizantes, foram importadas 3,51 milhões de toneladas, ou seja, índice 0,9% menor em relação ao mesmo período de 2014, o que representa 48,3% do total importado por todos os portos.

A ANDA informou também que as importações de fertilizantes intermediários saltaram 11,2% entre 2013 e 2014, enquanto que a produção nacional caiu 5,2% no mesmo comparativo.

EXPECTATIVAS

De acordo com Helio Sirimarco, a diminuição das importações nos últimos meses teve caráter pontual, em função do atraso da liberação dos recursos do Plano Safra. “Contudo, a tendência é de redução das importações, na medida em que os preços das principais commodities, soja e milho, não apresentam recuperação”.

Dentro das perspectivas da INTL FCStone, o País vai continuar dependente dos fertilizantes internacionais, uma vez que o aumento na produção depende de novas plantas que demandam muito investimento – fator que poucas empresas disponibilizam no momento.

“O País importa entre 70% e 75% do que é consumido no segmento. No mercado externo, não há expectativas de alta para os preços, uma vez que os valores seguem a tendência de queda das principais commodities agrícolas”, afirma Sirimarco.

CONSUMIDOR FINAL

O Instituto de Economia Agrícola (IEA) anunciou recentemente que as entregas de fertilizantes ao consumidor final no Brasil totalizaram 9.044 toneladas nos cinco primeiros meses de 2015. O resultado aponta para uma queda de 12% em relação ao mesmo período do ano passado, quando haviam sido contabilizadas 10.276 toneladas.

De acordo com o IEA, foram entregues 3.826 toneladas de nutrientes (N, P2O5 e K2O) – o que representa uma baixa de 14,3% neste mesmo período, em comparação a 2014.

Essa diminuição, segundo o instituto, está ligada à menor antecipação de compras pelos agricultores para a safra 2015/16, especialmente em relação à soja, e ao aumento nos preços pagos pelos agricultores, em função da valorização do dólar e do repasse aos preços de diversos fertilizantes importados.

 

 

Equipe SNA/RJ

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