CNA: seca impacta produtividade de soja e milho na safra 2021/22

Commodities, CNA
Tiago Pereira, assessor técnico da CNA; Mauro Osaki, pesquisador do Cepea, e Rafael Mandarino, diretor-geral da AgResource Brasil. Foto: Reprodução do portal CNA.

A falta de chuvas prejudicou o desenvolvimento da soja e do milho, principalmente na região Sul e no Mato Grosso do Sul, na safra 2021/2022, de acordo com os resultados dos levantamentos de custos de produção do Projeto Campo Futuro.

Os dados da cadeia produtiva de cereais, fibras e oleaginosas (soja, milho, trigo, arroz e feijão) foram apresentados durante uma live promovida esta semana pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

No debate, o assessor técnico da CNA, Tiago Pereira, afirmou que as regiões analisadas sofreram influência das condições climáticas, principalmente estiagem no ciclo 2021/2022. “A escalada de preços dos insumos e os conflitos geopolíticos também interferiram na condução das atividades”.

O pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Mauro Osaki, apresentou os principais resultados do Campo Futuro neste ano. Segundo ele, o Custo Operacional Efetivo (COE) das regiões analisadas para as cinco culturas sofreu alta na safra 2021/2022, se comparado ao ciclo anterior. O fertilizante foi o principal item que pesou no COE.

Soja

Com relação à soja, Mauro informou que a seca prejudicou o desenvolvimento do grão no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. “A estiagem provocou grandes prejuízos em Tupanciretã (RS), por exemplo, que registrou produtividade de 13 sacas por hectare e margem bruta negativa de R$ 2,4 mil por hectare”, disse.

Milho

De acordo com os dados apresentados, a seca também prejudicou os resultados do milho verão na região Sul. Os ataques de cigarrinha também foram um fator que impactou a produção.

Na primeira temporada, o custo com inseticida aumentou 21%. Segundo o pesquisador, o preço médio do milho aumentou 13% na safra verão 2021/2022, mas a receita bruta média caiu 7% no mesmo período. Essa retração se deve a quebra da produtividade de 20%. O COE ficou 31,1% superior em relação à temporada 2020/2021.

Trigo

Os resultados dos levantamentos revelam que o preço médio do trigo subiu na safra 2021 frente a anterior, porém esse avanço não foi compatível com o aumento nos custos de produção, a exemplo do COE, que avançou 34%. Dentre as oito regiões pesquisadas, quatro registraram receita bruta superior ao Custo Operacional Total (COT), com destaque para Campos Novos (SC).

Arroz e feijão

A falta de chuva reduziu a disponibilidade de água nos reservatórios, afetando negativamente a produtividade do arroz. A produção de feijão da primeira safra também sofreu com a falta de chuva.

Dentre as três propriedades típicas avaliadas para a produção do arroz em Uruguaiana (RS), Camaquã (RS) e Tubarão (SC), as duas fazendas típicas do Rio Grande do Sul apresentaram as menores margens de lucro, devido ao maior desembolso com fertilizantes.

Mercados agrícolas

O diretor-geral da AgResource Brasil, Rafael Mandarino, também participou da live e falou sobre situações desconhecidas para os mercados agrícolas mundiais, como a grande reinicialização econômica que está em andamento (à medida que as pressões inflacionárias europeias, americanas e globais aumentam), além da guerra entre Rússia e Ucrânia e a seca sul-americana, que produzem o maior choque global de fornecimento de grãos desde 1914.

Para Rafael, a China e os EUA estão numa encruzilhada política e a recessão mundial e dos EUA surge como mais um fator de atenção em meio à luta dos bancos para controlar a inflação.

Mandarino falou ainda sobre a inflação dos alimentos nos Estados Unidos; o consumo global de milho, trigo e soja; as exportações de milho da Ucrânia; as exportações russas e a comercialização global mensal de trigo; as vendas externas brasileiras de milho e a variação anual da demanda mundial de milho.

Fonte: CNA
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