Exportação recorde de milho derruba estoques para dois milhões de toneladas

Por Mauro Zafalon

Com os dados do mercado externo de janeiro já definidos, o Brasil deve fechar o ano comercial com estoque de passagem de milho abaixo de 2 milhões de toneladas, um volume não registrado há muitos anos. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima uma oferta total (estoques iniciais, produção e importação) de 123.8 milhões de toneladas no período de fevereiro de 2022 a janeiro de 2023.

Já o consumo nacional (75 milhões de toneladas) e as exportações (47 milhões de toneladas) totalizam 122 milhões de toneladas. Restam 1.8 milhão de toneladas para serem incorporadas ao volume da nova safra, a menos que haja uma revisão para cima da produção ou para baixo do consumo.

Do lado da oferta do cereal, há dúvidas sobre o potencial de produção e de exportação dos argentinos e dificuldades da Ucrânia para exportar. O Brasil é o grande fornecedor no momento, uma vez que o produtor dos Estados Unidos está reticente em vender seu produto, à espera de melhores preços, segundo Daniele Siqueira, analista da AgRural.

Cotações

Mesmo com super safra de soja e de milho estimadas no Brasil, os preços em Chicago continuam em bons patamares. As incertezas da produção e das exportações de grãos dos argentinos mantêm o mercado em alerta.

O vencimento março da soja foi negociado a US$ 15,15 por bushel (27,2 kg) nesta terça-feira (7/2), uma cotação próxima da máxima histórica de US$ 15,72 para esse vencimento registrada em 19 de junho de 2022.

Argentina

As chuvas de janeiro na Argentina desanuviaram um pouco o cenário ruim que se apresentava para os produtores de soja do país. Mesmo com a chuva, no entanto, ainda fica difícil uma estimativa da produção.

A safra de soja é longa na Argentina e só no decorrer de fevereiro será possível uma definição melhor do volume a ser produzido, disse Daniele.

O mercado ainda trabalha com números bem diversos, que variam de uma produção de 37 milhões a 45.5 milhões de toneladas. Este último dado é do USDA.

Para Daniele, a safra argentina de soja deverá ficar abaixo das 40 milhões de toneladas, o que seria um volume distante do potencial de 48 milhões a 50 milhões de toneladas.

Soja brasileira

No Brasil, apesar da seca no Rio Grande do Sul e em áreas pontuais do Paraná e de Mato Grosso do Sul, a safra deverá superar 150 milhões de toneladas, o que ajuda a cobrir o déficit argentino.

As incertezas no Brasil são com o desenrolar da colheita, que está atrasada. Dados da AgRural indicam que até o início de fevereiro apenas 9% da área plantada com a oleaginosa tinha sido colhida, abaixo dos 16% de há um ano. No Paraná, as máquinas passaram em apenas 2% da área, bem menos do que os 15% da safra anterior.

Milho

Embora os produtores norte-americanos estejam de olho nesse atraso da colheita de soja brasileira, o que pode comprometer a janela ideal para o plantio do milho, a analista da AgRural disse que ainda é cedo para uma avaliação dos efeitos desse atraso.

Uma eventual redução na safra brasileira de milho favoreceria os produtores dos Estados Unidos, que atrasaram as vendas do cereal à espera de preços melhores.

O milho, assim como a soja, também tem um patamar elevado de preços em Chicago. Nesta terça-feira, o vencimento março fechou o pregão cotado a US$ 6,74 por bushel (25,4 kg), não muito distante da máxima de US$ 7,12 de 23 de outubro do ano passado para esse vencimento.

Fonte: Folha de S.Paulo
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