Ferrugem da soja pode gerar prejuízo de R$ 12 bilhões

O valor chama a atenção. Um estudo especial do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a Andef (Associação Nacional de Defesa Vegetal), monitorou a evolução da ocorrência das principais pragas e doenças que atingiram a soja nas safras 2014/15, 2015/16 e 2016/17 e os impactos econômicos para produtores e para o País.

A publicação mostrou que pragas e doenças na agricultura podem resultar em queda no volume de produção, em prejuízos à qualidade dos produtos, e, conforme a situação, podem levar à morte as plantas e até dizimar cultivos inteiros.

A ausência de métodos de controle adequados teria impacto direto na safra. O conteúdo sugere que o produtor faça o controle químico, biológico, nutricional ou com variedades resistentes no primeiro momento em que identificar uma praga em sua lavoura, para não ter perdas econômicas.

O Cepea avaliou os prejuízos financeiros resultante da incidência das principais pragas, baseado em dados obtidos nos levantamentos anuais de campo nas principais regiões produtoras.

Segundo os pesquisadores, na safra 2016/17, o custo dos produtores de soja com fungicidas foi de R$ 8.3 bilhões (96% para controle da ferrugem), de R$ 6.2 bilhões em inseticidas e de R$ 4.8 bilhões em herbicidas, totalizando R$ 19.3 bilhões. Este valor correspondeu a 16,5% do custo total com a produção de soja no Brasil naquela safra.

O montante total para cultivar uma área de 33.9 milhões de hectares e produzir 114 milhões de toneladas de soja foi de R$ 117 bilhões na safra 2016/17.

No caso da ferrugem da soja, especificamente, para avaliar a implicação econômica do controle da doença, pesquisadores do Cepea simularam uma situação em que os produtores não utilizassem fungicidas. Com isto, economizariam R$ 5.75 bilhões, mas a queda na sua oferta de soja é estimada em 30%.

Supondo que os produtores pudessem compensar essa perda em produtividade, expandindo a área cultivada, gastariam R$ 33 bilhões em recursos adicionais para custear um aumento de quase 1/3 na área produtiva nacional.

No cenário sem essa compensação da queda de produtividade pelo aumento da área cultivada, o modelo econômico estima um aumento de 22,9% no preço no mercado interno. Assim, nesse contexto, embora os produtores reduzissem os custos (sem o controle da ferrugem), a elevação dos preços não seria suficiente para evitar a queda da Receita Bruta, de 13,9%.

Diante disso, o resultado econômico com o plantio de soja passaria de um lucro de R$ 8.32 bilhões para um prejuízo de R$ 3.37 bilhões no segmento produtivo nacional. Logo, os produtores incorreriam em uma perda de R$ 11.7 bilhões.

Para o Brasil, em termos macroeconômicos, isso implicaria em queda de 30% em volume exportado, equivalente a perdas de US$ 4.5 bilhões em faturamento externo para os produtos do complexo da soja.

 

Agrolink

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