FGV estima superávit comercial menor em 2023, sem ajuda da alta dos preços agrícolas

O superávit comercial brasileiro de 2023 deverá ser menor do que o de 2022, sem uma nova ajuda de alta dos preços agrícolas, como ocorreu no ano passado. A estimativa está em relatório do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado nesta segunda-feira (16/1), pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Em 2022, o valor exportado aumentou 19,10% em relação a 2021, e o valor importado cresceu 24,30%, o que gerou um superávit de US$ 61.8 bilhões na Balança Comercial, cerca de R$ 400 milhões superior aos US$ 61.4 bilhões registrados no ano anterior. A melhora das vendas para a China ajudou a aumentar o saldo comercial nos últimos meses do ano.

“Para 2023, as estimativas indicam um menor crescimento da economia mundial do que em 2022, e de uma taxa de crescimento do Brasil abaixo de 1%. Exportações e importações menores são estimadas. Os preços agrícolas não devem acelerar com o fim do efeito das secas e substituição das fontes de grãos da Ucrânia e da Rússia, o que significa que a melhora das exportações irá depender mais do volume exportado”, avaliou a nota do Icomex.

China e UE

O desempenho da economia chinesa este ano será determinante para o bom resultado das exportações brasileiras, indicou a FGV.

“Para as exportações brasileiras agropecuárias, a grande incógnita é o efeito China. Com o relaxamento da política do “Covid-zero”, é esperada uma retomada para um crescimento econômico ao redor de 5%. No entanto, ainda estão incertos os efeitos dessa política e se poderá ser mantida”, informou a instituição.

“A União Europeia, outro mercado importante para os produtos da agro, com a crise energética é um dos principais fatores para o menor crescimento mundial”.

Ainda segundo a FGV,  “o preço do petróleo irá continuar sendo afetado pelas questões geopolíticas e a recuperação das exportações da extrativa depende também da recuperação das vendas de minério de ferro para a China. No caso das manufaturas, a crise da Argentina não favorece o aumento das exportações de maior valor adicionado do setor automotivo”.

Variação de preços

O Icomex informou que o maior valor dos fluxos de comércio brasileiro com o restante do mundo foi impulsionado pela variação dos preços, que aumentaram 13,70% em 2022 para as exportações e 21% para as importações. Já o volume exportado aumentou 4,40% em 2022 em relação à 2021, e o importado, 2,70%.

O aumento do superávit de 2022 foi explicado pelo desempenho da Balança Comercial da agropecuária: o saldo comercial do setor passou de US$ 46.5 bilhões em 2021 para US$ 65.8 bilhões em 2022. A indústria extrativa reduziu seu superávit de US$ 63 bilhões em 2021 para US$ 45.5 bilhões em 2022, e a indústria de transformação ampliou seu déficit de US$ 45.3 bilhões para US$ 48.5 bilhões no período.

Quanto aos principais parceiros comerciais, o superávit brasileiro no comércio com a China diminuiu em US$ 11.3 bilhões, passando de US$ 40.3 bilhões em 2021 para US$ 29 bilhões em 2022, e o déficit com os Estados Unidos aumentou em US$ 5.7 bilhões, de US$ 8.2 bilhões em 2021 para US$ 13.9 bilhões em 2022.

“Os dois países contribuíram para uma queda de US$ 17 bilhões no saldo comercial entre 2021 e 2022. Os outros países, regiões ou blocos melhoraram o seu saldo comercial com o Brasil e a diferença dos saldos desse grupo entre 2021 e 2022 foi de um ganho de US$ 19.5 bilhões”, indicou a FGV.

Fonte: Estadão
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