Grupos do agro unem forças e criam empresa de logística

Amaggi, ADM, Cargill, Louis Dreyfus Company (LDC) e a mato-grossense Dalablog acabam de criar a Strada, uma empresa de logística que já nasce com 170.000 motoristas cadastrados a expectativa de transportar 40 milhões de toneladas de cargas. O volume financeiro previsto para este ano, de R$ 10 bilhões, é o dobro da movimentação que as empresas fizeram separadamente em 2022.

A Strada nasceu a partir da união entre a Carguero, empresa de logística que Amaggi e Dreyfus criaram em 2019, com investimento de R$ 50 milhões, e da qual ADM e Cargill se tornaram sócias dois anos depois, e da Tip Bank, companhia de pagamento para frete rodoviário que existe desde 2007.

Os trâmites para a formação da Strada levaram três anos. Metade desse intervalo foi o tempo de espera para a conclusão das análises do Banco Central e Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) sobre a operação.

Plataforma

Na prática, a partir deste mês, essas tradings, que estão entre os maiores exportadores do agro nacional, vão ofertar todas suas cargas na plataforma. Transportadores e motoristas terão acesso às cargas e a um sistema de informação de rastreamento, que está em fase de desenvolvimento.

“Faltava conexão nesse mercado. Onde está o caminhão e que horas ele vai chegar são perguntas que vão permitir aos agentes terceiros programar a formação de carga do navio ou trem, por exemplo. Vamos gerar valor para os clientes com dados”, disse o CEO da Strada, Rodrigo Koelle, que comandava a área de transporte e logística da Cargill na América Latina até o fim do ano passado.

Rede de inteligência

O executivo afirmou que o negócio será mais do que apenas uma plataforma de transporte de cargas. “Estamos formando uma rede de inteligência compartilhada na área de transporte”, disse. “Vamos conectar os diversos atores dessa cadeia, receber informação, processar e devolver serviço”.

A Strada também trabalha no desenvolvimento de uma ferramenta que vai permitir o leilão reverso de carga para indicar o melhor preço para o embarcador e transportador. Outro diferencial vem do lado “fintech” da empresa, que agrega diversos recursos na conta digital do caminhoneiro.

Ela também oferece uma rede com mais de 1.000 postos, vale-pedágio, digitalização dos documentos de viagem e soluções financeiras para as transportadoras e motoristas, como antecipação de recebíveis.

Segundo Koelle, as plataformas disponíveis hoje têm cargas duplicadas e ofertas falsas de empresas que apenas testam o preço naquele instante. “Daremos segurança a todos os envolvidos, com empresas e motoristas que passaram por triagem e por sistemas de segurança”, disse o executivo.

Potencial

Hoje, 75% do volume ofertado na Strada vem das tradings, com 3.000 caminhões ao dia, mas a intenção é que a fatia passe a ser de 30%. A empresa só não atuará na perna final das entregas, a “last mile”. A receita virá da prestação de serviços, únicos ou em pacote.

A sede da empresa será no centro de empreendedorismo Cubo Itaú, na Vila Olímpia, zona sul de São Paulo, onde ficarão parte dos seus 300 colaboradores. Outros ficarão espalhados pelo País.

Por reunir alguns dos maiores grupos do agronegócio global, a Strada tem potencial de mudar o transporte de produtos agrícolas no país, acredita Koelle.

Se a empreitada der certo, as sócias pretendem levar o negócio para outras partes do mundo. O executivo esclareceu que a Strada não tem relação com a joint venture ainda sem nome que as tradings criaram para a compra de caminhões.

Fonte: Valor
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