Nematoides parasitas causam prejuízo de R$ 35 bilhões por ano ao agro brasileiro

Eles medem, em geral, de 0,3 a 3 mm, mas podem causar prejuízos bilionários. Estamos falando dos nematoides, organismos que vivem em diversos ambientes e que podem parasitar plantas e animais. A Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN) estima que esses organismos podem causar prejuízos de R$ 35 bilhões ao ano ao agro brasileiro.

Para compartilhar informações sobre o assunto, o Instituto Biológico (IB-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, realizará nesta quinta-feira, 28 de outubro, às 18h, um webinar para responder dúvidas do público sobre os nematoides.

O evento online faz parte da série “O que você gostaria de saber sobre…?”, realizada em parceria com a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag).

O tema será apresentado pelos pesquisadores do IB, Claudio Marcelo Gonçalves de Oliveira, especialista em nematoides parasitas de plantas, e Giane Serafim da Silva, especialista em nematódeos parasitas de animais. Eles farão uma breve apresentação sobre esses parasitas e depois responderão a dúvidas. A moderação será de Nayte Vitiello, diretora-substituta do IB.

Parasitas

Segundo os pesquisadores, os nematoides podem viver em diversos ambientes, dos oceanos ao microscópico filme de água que cobre as partículas de solo. Com base nos diferentes hábitos alimentares, podem ser divididos em parasitas de plantas, parasitas de animais e de vida livre (fungívoros, bacteriófagos, carnívoros e onívoros). Tanto em plantas, como em animais, possuem extrema importância econômica.

Um dos mais importantes grupos funcionais é o de nematoides parasitas de plantas que habitam o solo ou estruturas vegetais, como folhas, caules e, principalmente, raízes. Já os nematoides que parasitam animais podem ser encontrados no sistema gastrointestinal, além de outros órgãos.

Mudas contaminadas

Os nematoides podem atacar o sistema radicular de diversas plantas, causando impactos em culturas anuais ou perenes, como o café. Por viverem no solo, o controle desses organismos é muito difícil. Por isso, a maior eficiência é alcançada por aqueles produtores que previnem a ocorrência deles, não utilizando mudas contaminadas na implantação da lavoura.

“O agricultor não deve ‘plantar nematoides´, ou seja, utilizar mudas contaminadas em sua propriedade. Para isso, precisa adquirir mudar certificadas, comprovadamente isentas de nematoides. O produtor precisa entender que não é gasto extra adquirir mudas certificadas, mas sim, a garantia de sucesso da sua produção”, explica Oliveira.

“O controle preventivo de nematoides tem 100% de eficiência, enquanto o uso de produtos químicos para combatê-los tem eficiência limitada em plantas perenes, como café.”

Legislação

São Paulo tem uma legislação específica para evitar a produção de mudas contaminadas com esses organismos. O estado mantém o Programa Fitossanitário de Defesa Vegetal para produção, armazenamento, exposição e comercialização de material de propagação de café, citros e seringueira isentos de nematoides. A iniciativa foi reconhecida como referência pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em 2019.

Oliveira afirma que o rigor da legislação paulista se deve aos trabalhos científicos desenvolvidos por instituições como o IB, que subsidiaram a legislação fitossanitária estadual. Segundo ele, na década de 1970, 70% das mudas de citros produzidas em São Paulo eram contaminadas por nematoides.

Hoje, após a nova legislação, 100% das mudas de citros são produzidas sem contaminação. “É um benefício muito grande para o Estado e para todo o País”, afirma o pesquisador do IB.

Perdas

Segundo Giane, em animais, as infecções por nematódeos gastrintestinais se destacam por causar prejuízos significativos às criações, decorrentes de desnutrição, avitaminoses, distúrbios gastrintestinais, dentre outros. “Estima-se que dez milhões de cabeças são perdidas a cada ano em decorrência das parasitoses”, além de perdas na produção, destaca a pesquisadora.

Várias estratégias têm sido sugeridas para o controle dos parasitas, entre elas a nutrição e manejo adequados dos animais e esquemas de aplicação de anti-helmínticos, os vermífugos. “Os tratamentos devem ter o olhar cuidadoso dos produtores, com indicações técnicas adequadas, para o sucesso da produção”, explica a pesquisadora do Instituto Biológico.

 

 

Fonte: Apta

Equipe SNA

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