No Dia Mundial do Agrônomo, A Lavoura divulga artigo sobre o papel do profissional na agricultura

“Se o Brasil é uma potência em crescimento no agronegócio, como deixar de lado um profissional essencial para que o setor continue evoluindo”, como é o caso do engenheiro agrônomo?, questiona o CEO da InCeres, Leonardo Menegatti. Foto: Divulgação

Reflexões sobre o papel do agrônomo na agricultura

* Por Leonardo Menegatti

Todas as culturas possuem mitos, histórias fantasiosas passadas de geração em geração, sobre seres fantásticos que habitam o mundo. Todos sabem que são apenas invenções, mas vez ou outra, é possível encontrar alguém que acredite nestas fantasias. Recentemente, presenciei a propagação de um mito no setor agrodigital.

Estive na sede de uma grande empresa, que uma vez já foi uma startup, mas foi adquirida por uma grande soma de dinheiro. Ouvi o presidente (CEO) explicar como pretendem transformar a agricultura, a partir da coleta de dados e da tomada de decisões inteligentes, orientadas para o sucesso do produtor. Foi uma hora de apresentação.

Nessa uma hora, o CEO citou o profissional da agricultura – o engenheiro agrônomo – apenas uma vez, nos minutos finais, logo antes de abrir para perguntas do público. Em sua fala, única, “o profissional tem um lugar certo e definitivo na agricultura” sem, no entanto, esclarecer qual é este lugar em sua visão.

Por outro lado, deixou claro que as tomadas de decisão e de suporte ao produtor, a partir de seu ponto de vista, não cabem mais ao agrônomo, que será retirado de sua posição de consultor ou apoiador do produtor em tomadas de decisões agronômicas.

É um discurso encantador, como o canto da sereia, uma voz tão linda que me faz esquecer de tudo na vida, inclusive das básicas noções de sobrevivência, como respirar por exemplo. O canto, junto com a imagem feminina e linda do ser mitológico, faz os marujos pularem de seus navios para seguirem-nas para baixo da água, onde buscam um amor perfeito e, um a um, morrem afogados, porque não respiram embaixo da água. Mas nem percebem isso! Morrem!

Assim é a intenção de substituir o agrônomo na tomada de decisões no campo: uma fantasia. É um momento de reflexão. Se o Brasil é uma potência em crescimento no agronegócio, como deixar de lado um profissional essencial para que o setor continue evoluindo?

Corre pelo mercado um número tido como mágico, que 70% das profissões de nossos filhos ainda não foram criadas. Que nossos filhos terão profissões que hoje desconhecemos e não imaginamos. Como conciliar o novo com a evolução e as pessoas? A tecnologia poderá tomar o espaço e a função do ser humano?

Em alguns setores indubitavelmente, sim! Robótica é realidade em fábricas. O funcionário da fábrica não se modernizou a tempo e os sindicatos lutavam por benefícios enquanto eram cegos aos avanços tecnológicos e não perceberam que estavam cavando o buraco de suas profissões.

Aqui, cabe ressaltar: o olhar do profissional, de quem entende do assunto, é essencial! A tecnologia trouxe grandes avanços e um mundo de possibilidades, mas só o profissional qualificado pode interpretar corretamente os dados fornecidos pelas máquinas e obter deles os melhores resultados.

O empoderamento deste profissional, com ferramentas que o auxiliem na tomada de decisão, junto aos produtores, irá perpetuar a profissão, não por fisiologismo ou por sindicalismo de classe, mas por resultados, por decisões assertivas que levam à geração de valor.

* Leonardo Menegatti é engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) e CEO da InCeres

A Lavoura destaca que o Dia Mundial do Agrônomo é comemorado em 13 de setembro em todo o planeta. Já o Dia Nacional do Agrônomo, no Brasil, é celebrado em 12 de outubro.

Fonte: InCeres com edição d’A Lavoura

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