Peso do agronegócio no PIB sobe de 5% para quase 7%

Por Mauro Zafalon

O ano de 2021 prometia ser diferente para a agropecuária brasileira. A soja, o carro-chefe da agricultura, foi plantada com atraso, e, embora a área estivesse ganhando um bom impulso, a produtividade era incerta. Mesmo com tantos empecilhos iniciais, o País volta a registrar uma safra recorde com a oleaginosa, somando 132 milhões de toneladas, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O volume apurado pelo IBGE é referência para a apuração do PIB da agropecuária. Outras avaliações de mercado, porém, estimam uma produção de até 137 milhões de toneladas.

Com o avanço nas produções de soja e de milho, a safra brasileira de grãos deste ano deverá totalizar 264.5 milhões de toneladas, segundo o IBGE. Na estimativa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), serão 272 milhões de toneladas. Com números tão expressivos na lavoura, e mesmo com pequena retração na pecuária, a agropecuária mantém uma presença forte no PIB e na economia.

No primeiro trimestre deste ano, a crescimento do PIB do setor foi de 5,20%, em relação ao mesmo período de 2020. No acumulado dos últimos quatro trimestres, a alta é de 2,30%. Há 17 trimestres seguidos que a agropecuária vem registrando um PIB positivo no acumulado de 12 meses. A taxa acumulada dos quatro últimos trimestres é a maior desde 2019, mas o melhor ano foi 2017, quando houve um crescimento de 14,2% no PIB do setor.

Crescimento

Com o recente crescimento da agropecuária, a taxa de participação do setor no PIB, que normalmente gira próxima de 5%, fechou 2020 em 6,80%, segundo os dados divulgados nesta terça-feira pelo IBGE. A agropecuária adicionou R$ 209 bilhões na economia neste início de ano, bem acima dos R$ 125 bilhões de igual período de 2020.

O primeiro trimestre deste ano foi marcado por alta na produção e melhora na produtividade. A soja, cuja área de plantio cresceu 4,10%, obteve um rendimento, por hectare, 4,40% superior ao da safra passada. A produção recorde, com alta de 9%, foi preponderante para uma participação melhor do produto no PIB geral.

Apesar do atraso no plantio, algumas regiões obtiveram um desempenho bem melhor do que o da safra anterior. O Rio Grande do Sul, que havia sido afetado severamente por problemas climáticos na safra 2020, conseguiu uma produção de soja 74% superior em 2021.

Produção de milho

O milho, o segundo principal produto do setor agrícola, ainda é uma promessa. A primeira safra, que representa apenas 25% da produção do ano, foi colhida com queda de 3,10%, segurando a evolução do PIB.

A segunda, a chamada safrinha, foi plantada com atraso, e o clima adverso já faz o mercado rever estimativas de produção para baixo. Se concretizada essa quebra, o cereal vai afetar o desempenho do PIB agropecuário nos próximos trimestres.

Outros itens

As lavouras de fumo também cooperaram com o PIB. A produção é de 721.000 toneladas, com alta de 3,60%. O rendimento cresceu 6,10% por hectare. Além do milho da primeira safra, a produção de mandioca, que tem queda de 3,40% na área plantada, inibiu o crescimento do PIB agropecuário. A produção recuou 1,30%.

O PIB da agropecuária deverá ser influenciado nos próximos trimestres por uma previsível queda na produção de milho, de laranja, de café arábica e de cana-de-açúcar, produtos importantes na composição do índice.

 

 

Fonte: Folha de S. Paulo

Equipe SNA

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