Quebra da safra de milho no Mato Grosso do Sul deve gerar prejuízos de R$ 7.7 bilhões

Dados do último relatório do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga-MS) apontam que 63% das lavouras de milho de Mato Grosso do Sul estão em condições ruins. Considerando a estimativa inicial de 9 milhões de toneladas que seriam colhidas na segunda safra, significaria uma quebra de 5.6 milhões de toneladas, que resultaria em um prejuízo de R$ 7.7 bilhões.

A conta é baseada nos dados disponíveis no boletim Casa Rural, elaborado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Sistema Famasul) e pela consultoria técnica de agentes do setor.

O preço médio da saca de milho com 60 kg ficou em R$ 83,46 em 2021. Considerando que 5.6 milhões de toneladas são 93.333 milhões de sacas de milho, o prejuízo estimado para a safrinha é de R$ 7.7 bilhões. Se a mesma conta considerar apenas a área já consolidada de perdas, saindo de 9 milhões de toneladas para 6.2 milhões de toneladas, como apontam as estimativas, o prejuízo já é de 2.8 milhões de toneladas ou R$ 3.8 bilhões.

A quebra da safrinha ocorre em decorrência das intempéries climáticas enfrentadas, como a estiagem desde o plantio e a ocorrência de geadas durante o desenvolvimento.

“Em algumas lavouras do estado, já podemos verificar a perda total por conta da estiagem e da queda de granizo. Alguns produtores já planejam gradear a cultura do que colher, haja visto que o custo com a operação das máquinas sem perspectiva de produção inviabiliza a continuidade do cultivo’, indica o boletim técnico da Famasul.

Impacto

O titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, disse ao Correio do Estado que já há grande impacto nas áreas cultivadas.

“Temos um impacto direto [do clima] saindo de uma estimativa inicial de produção de 9 milhões de toneladas de milho no estado e, em função da estiagem, revisamos essa estimativa para em torno de 8 milhões e, na sequência, tivemos uma forte geada, que reduziu essa estimativa para 6.2 milhões de toneladas.”

Ainda segundo o secretário, os resultados até o fim da colheita ainda podem ser piores, já que o País enfrenta a maior crise hídrica dos últimos 90 anos.

“Não estamos falando de uma seca momentânea. Desde o ano passado tivemos a seca no período do plantio da soja culminando no atraso do plantio do milho também. Além disso, nós tivemos perdas econômicas significativas do Estado em função das geadas’, afirmou Verruck.

Mesmo que atinja as 6.2 milhões de toneladas colhidas, é a pior safra de milho desde 2013, quando a produção começou a ser monitorada pelo Siga-MS.

Seguro

O governo do estado publicou os decretos declarando situação de emergência pelo prazo de 180 dias em Mato Grosso do Sul, em decorrência da seca e da geada. Os decretos respaldam os produtores rurais no pedido do seguro agrícola.

“Os impactos econômicos foram significativos para os produtores nos municípios afetados pela geada, por isso que nós fizemos então esse processo de declarar emergência em relação à estiagem e à seca, e também à questão da geada’, indicou Verruck. “Isso possibilita aos produtores entrar com o sistema financeiro pedindo uma repactuação das suas dívidas relacionadas a essa atividade de milho.”

Segundo o empresário da 2L Corretora de Seguros, Luciano Lemos, caso todas as lavouras estivessem seguradas, as perdas seriam menores. “O seguro agrícola, especificamente sobre o milho, pode ter uma cobertura de até 40%. Se a gente considerar que teremos um prejuízo de R$ 7.7 bilhões, nós estaríamos falando de uma cobertura de R$ 3 bilhões, já reduziria esse prejuízo total do produtor.”

A Semagro informou na semana passada que foram prorrogadas por 180 dias pelo Banco do Brasil as operações de milho safrinha com acionamento do seguro Proagro, em decorrência dos problemas climáticos enfrentados pelos produtores que resultaram em pesadas perdas da safra.

Importância

O secretário chamou atenção para a importância do seguro agrícola. “Esse instrumento tem sido ampliado ano a ano e mostra que, quanto mais nós pensarmos em mudanças climáticas e riscos climáticos, maior será a importância do seguro, como é o caso específico do milho em Mato Grosso do Sul”, disse Verruck. A contratação é realizada em qualquer momento do ciclo do plantio.

“A gente recomenda com as companhias que a contratação do seguro seja feita logo no início do plantio, porque você pega todo o ciclo dele. Qualquer seguro cobre tudo aquilo que não depende do produtor; partindo desse princípio, todos os efeitos climáticos estarão cobertos dentro do seguro”, indicou Lemos.

Clima

O estado está há mais de 25 dias sem chuvas significativas registradas. No mês de junho, as condições meteorológicas seguiram críticas, com precipitação acumulada mensal abaixo de 30 milímetros nas regiões oeste, norte, nordeste, sudoeste e sul.

Segundo o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec-MS), a previsão de precipitação total para o trimestre de julho a setembro indica chuvas abaixo do esperado. No mês de julho, a previsão é de chuvas em torno de 20 mm a 40 mm.

Em agosto, são esperadas chuvas abaixo de 20 mm nas regiões norte, oeste e nordeste; entre 20 mm e 40 mm na região central e entre 60 mm e 80 mm nas regiões sudoeste, sudeste, sul e sul-fronteira do estado.

 

 

Fonte: Correio do Estado

Equipe SNA

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