Safra de laranja bate recorde de produtividade

Produção de laranja: condições climáticas favoreceram resultados na produtividade da safra atual. Foto: Pixabay

Produtores de cítricos comemoram os resultados da nova safra de laranja e anunciam recorde de produtividade, com 390 milhões de caixas (1.050 por hectare). Outra boa notícia é a mobilização de representantes do setor para combater o greening, uma doença sem cura, causada por um pequeno inseto que destrói os pomares de laranjas, limões e tangerinas.

Para o diretor da Agrosecurity, Fernando Pimentel, os números da safra atual de laranja foram estimulados, em grande parte, pelas condições climáticas.

“Depois de uma safra ruim no ano passado, com uma seca em todo o parque citrícola entre maio e julho de 2018,  as chuvas voltaram à normalidade no período entre agosto e  novembro, com bons volumes em outubro e novembro. Essa condição climática favorável estimulou uma boa floração em novembro de 2018, culminando com a excelente colheita nesse ano”, disse o consultor, que também considerou o caráter bianual da cultura, alternando safras maiores e menores.

Além das condições climáticas favoráveis, Vinícius Gustavo Trombin, coordenador executivo de Pesquisa de Estimativa de Safra do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) atribui o aumento da safra à incorporação de tecnologia por parte dos citricultores, incluindo viveiros protegidos; preparo do solo e tratos culturais, especialmente nutrição e irrigação; estudos das melhores regiões para o plantio; densidade dos pomares com adequação das combinações copa/porta-enxerto e controle de doenças.

Sobre o greening, Pimentel afirma que as instruções normativas do Ministério da Agricultura e das secretarias da Agricultura, o sistema de assistência técnica e o Fundecitrus, que mantém uma campanha de esclarecimento e prevenção, “fazem um trabalho de comunicação e conscientização que vem surtindo efeito”.

“A doença tem presença endêmica. Os pomares com alta incidência de greening e sem o adequado controle do inseto vetor representam uma séria ameaça aos pomares vizinhos. Dessa forma, a única maneira de conter a doença é controlar o inseto vetor e erradicar as plantas contaminadas”, explicou o diretor da Agrosecurity.

Na mobilização contra o greening, as pesquisas ganham cada vez mais espaço.  O Fundecitrus, por exemplo, anunciou que está desenvolvendo plantas que possam repelir o psilídeo, o inseto transmissor da doença.

Estimativas

Em setembro desse ano, o Fundecitrus havia estimado  a produção de laranja em escala industrial – concentrada em São Paulo (79%) e no Triângulo Mineiro – em 388,42 milhões de caixas de 40,8 kg.  Esse valor corresponde a uma redução de 0,12% em relação à estimativa publicada em maio de 2019. Da safra total, cerca de 27,14 milhões de caixas deverão ser produzidas no Triângulo Mineiro.

“O volume é 36% superior ao da safra passada e 21% maior do que a média dos últimos dez anos. O encerramento desta safra será em abril de 2020. Se os valores se confirmarem, teremos recorde de produtividade”, afirma Tronbim, da Fundecitrus.

Já o diretor da Agrosecurity informa que, de acordo com os números do Fundecitrus, a área disponível com a cultura na região produtora recuou 1,42% entre as safras 2018/2019 e 2019/2020. “Uma redução na demanda gradual e contínua, além de problemas fitossanitários, são fatores que influenciam nesse resultado. Mas estamos atingindo uma produtividade recorde”, reforça Pimentel.

Suco

Quanto à produção de suco de laranja, o consultor chama a atenção para o fato de que a mudança no consumo mundial tem afetado a quantidade do suco enviado para fora do País.

“A demonização do suco de laranja como fonte calórica excessiva para jovens e mesmo adultos, sobretudo nos mercados mais importantes como EUA e Europa, tem reduzido a demanda sistematicamente. Produtos concorrentes como chás e isotônicos têm ocupado espaço nesse mercado de bebidas para jovens e vem influenciando negativamente a demanda pelo suco “, alerta Pimentel.

Segundo dados da associação nacional dos exportadores, a Citrus BR, a exportação de suco de laranja registrou queda de cerca de 20% nesta safra, em comparação com a safra passada.

“Nesse cenário de demanda, e considerando os aspectos fitossanitários, a citricultura, apesar da boa safra, continua a sofrer com questões estruturais de mercado que não apresentam solução para reverter a tendência no médio e longo prazos”, adverte o diretor da Agrosecurity.

O Brasil exporta suco de laranja principalmente para a União Europeia e os Estados Unidos. A Europa recebe entre 65 e 70% da bebida e os EUA entre 20 e 25%.

 

Fonte: Globo Rural

Equipe SNA

 

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