Soja brasileira provoca queda na oferta de biodiesel

Biodiesel: indústria do setor deverá paralisar suas plantas em setembro ou outubro em razão do pouco volume de esmagamento de soja, informou o ex-diretor da SNA, Fernando Pimentel. Foto: Pxhere

A oferta de biodiesel para o mercado brasileiro tem diminuído em relação à demanda. Segundo especialistas, o motivo dessa baixa está relacionado à soja. Neste caso, a maior parte da produção vai para o exterior e, com isso, não há volume suficiente para o esmagamento.

“Isso cria problemas na retenção de matéria-prima para o esmagamento brasileiro, do qual dependem o programa de biodiesel e as indústrias de óleo comestível e de farelo de soja para as cadeias de produção de proteínas animais”, explicou Juan Diego Ferrés, presidente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio).

“Já comercializamos mais de 95% da safra de soja colhida em março e abril desse ano, há pouco volume para esmagamento e é bem provável que a indústria do setor comece a paralisar suas plantas no final de setembro ou outubro. Talvez tenhamos de importar soja para manter as unidades operacionais, e isso de fato é uma distorção”, destacou Fernando Pimentel, sócio-diretor da Agrosecurity.

Tributação

Em termos de reforma tributária, afirmou Pimentel, “há interesse em aumentar a industrialização do esmagamento de soja no País, até porque, em função da Lei Kandir, já tivemos um problema tributário onde perdemos espaço no mercado de farelo e óleo para a Argentina”.

No entanto, ponderou o analista, a reforma poderá trazer posicionamentos positivos e negativos. “A visão de que o agronegócio está sendo bem-sucedido e que pode eventualmente ser tributado é um risco. A princípio, não sou otimista em relação a qualquer tributação proposta para melhorar o setor de esmagamento de soja, mas temos de ver como essa reforma vai evoluir”.

Empregos

Por outro lado, Ferrés, da Ubrabio, disse que o segmento de biocombustíveis tem grande potencial para a geração de empregos e que, “a partir da realização de emendas na reforma tributária, seria possível gerar 17.900 empregos diretos e outros 89.500 indiretos até 2030, no contexto de uma política de agregação de valor”.

Bioeconomia

Em termos gerais, o executivo afirmou que os biocombustíveis são uma ponte de acesso do Brasil para a Bioeconomia, que tem como princípio a substituição do petróleo e de fontes não renováveis por matérias-primas agrícolas e florestais.

Para Pimentel, tanto o biodiesel como o etanol de milho e de cana e a queima de biomassa criam oportunidades e são interessantes para o crescimento da economia verde e para a imagem do Brasil no exterior em relação à preservação ambiental.

Porém, complementou o consultor, “os biocombustíveis só prosperam se houver viabilidade econômica. Logo, os arcabouços legal e tributário devem ser desenvolvidos no sentido de construir uma oportunidade para que a Bioeconomia possa evoluir e trazer resultados aos seus protagonistas”.

 

Fontes: Agrosecurity e Ubrabio

Equipe SNA

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