Soja fecha em baixa com o mercado focado nas condições climáticas da América do Sul e na nova safra dos EUA

Os contratos futuros da soja na CBOT fecharam novamente em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de 11,25 a 12 centavos, com o março fechando cotado a US$ 14,03 e o maio a US$ 14,11 o bushel.

Os contratos futuros do farelo de soja na CBOT fecharam em alta. Os principais vencimentos registraram ganhos de US$ 0,60 a US$ 1,20, com o março fechando cotado a US$ 393,90 e o maio a US$ 392,70 a tonelada curta.

O óleo de soja fechou em baixa, após cinco sessões consecutivas de alta, com o março registrando uma queda de 1,63%.

Segundo analistas e consultores, o mercado busca se consolidar na casa dos US$ 14,00, principalmente em decorrência da quebra da safra da América do Sul, bem como das condições climáticas da região.

“O ponto principal é o tamanho da quebra de safra, o que colocará muita pressão sobre a safra americana. Por enquanto, as estimativas de produção no Brasil giram entre 131 e 137 milhões de toneladas. O fator de divisão será a safra gaúcha e se as chuvas previstas para os próximos 15 dias poderiam trazer recuperação”, indicou a Agrinvest Commodities.

“O clima da América do Sul continua seque no foco do mercado, seguido das tensões geopolíticas que envolvem Rússia e Ucrânia, as quais levam o mundo a temer uma invasão russa, que certamente causará estragos e preocupações para toda a humanidade”, disse Ginaldo Sousa, diretor do Grupo Labhoro.

E durante o final de semana, segundo apurou a consultoria, boas chuvas foram importantes, expressivas e chegaram a importantes regiões produtoras de grãos na Argentina.

“As chuvas do final de semana chegaram cobrindo as províncias produtoras, como Buenos Aires, Santa Fé e Córdoba, o que certamente estabilizará as perdas agrícolas da soja e do milho, que depois de dois meses registraram tempo seco e altas temperaturas com perdas acentuadas. Vê-se agora a possibilidade de uma recuperação parcial, principalmente para soja”, disse Sousa.

Já no Sul do Brasil, as temperaturas seguiram muito elevadas durante todo o final de semana, passando dos 40ºC no Rio Grande do Sul, além da manutenção do tempo seco. No Paraguai, o cenário é semelhante.

“Os mapas estão mostrando clima mais benéfico a partir do dia 28 para a América do Sul, trazendo mais pressão sobre as cotações na CBOT. Para o Sul, mais chuvas e menos para a região central. A colheita está avançando bem”, indicou a equipe da Agrinvest Commodities.

EUA – Estimativas de Área

A área plantada com soja nos Estados Unidos deve superar a do milho pela segunda vez na história neste ano, segundo o USDA.

Caso a estimativa se confirme, será a primeira vez desde 2018 e a segunda vez na história que os agricultores norte-americanos vão plantar mais soja do que milho. Altos custos de insumos, principalmente fertilizantes, estão tornando a soja mais atraente para produtores do que o milho. 

Vendas EUA

Os exportadores norte-americanos reportaram para o USDA a venda de 132.000 toneladas de soja para a China, sendo 66.000 toneladas da safra 2021/22 e 66.000 toneladas da safra 2022/23.

USDA: Relatório Semanal de Inspeção de Exportações 

O USDA divulgou o seu boletim semanal de embarques de grãos com números dentro das expectativas para soja.

Na semana encerrada em 20 de janeiro, os EUA embarcaram 1.297.802 toneladas de soja, contra estimativas que variavam entre 1.2 e 1.9 milhão de toneladas. Em todo ano comercial, os EUA já embarcaram 34.752.128 toneladas, 24% menos do que há um ano.

Argentina 

Não é apenas o Sul do Brasil que sofre com os efeitos do clima adverso neste início de ano. Na Argentina, a Comissão Nacional de Emergência e Desastres Agropecuários (CNEyDA, na sigla em espanhol) se reuniu na última sexta-feira e decretou emergência agrícola em áreas afetadas das províncias de Santa Fé, Misiones, Córdoba e Mendoza.

As lavouras foram prejudicadas nessas regiões pela falta e chuvas e incêndios, indicou o comunicado da Comissão.

O Ministro da Agricultura argentino, Julián Domínguez, afirmou que a decisão do governo federal e dos governadores é acompanhar os produtores. Em Santa Fé, o problema é a seca.

Nas províncias de Misiones e Córdoba, além da estiagem, vários incêndios afetam as áreas produtivas. Já em Mendoza, as perdas foram causadas por geadas e granizo.

Colheita Brasil 

AgRural – O tempo mais firme em áreas com soja em Mato Grosso e o início dos trabalhos em um maior número de estados deram impulso à colheita da safra 2021/22 na semana passada. Dados da AgRural mostram que 5% da área plantada no Brasil estava colhida até quinta-feira (20), contra 1% uma semana antes e 0,70% no mesmo período do ano passado, quando houve atraso no plantio.

Os reportes de produtividade seguiram satisfatórios em Mato Grosso, onde os casos de grãos avariados e com excesso de umidade diminuíram em relação à semana precedente, devido às chuvas mais espaçadas. No Paraná, os trabalhos seguiram concentrados no Oeste e no Sudoeste, com rendimentos bastante baixos por conta da quebra por estiagem. As chuvas recentes têm beneficiado as lavouras do resto do estado, mas chegaram tarde demais para o Oeste e o Sudoeste.

No Rio Grande do Sul, onde a colheita ainda não começou, as chuvas foram bem-vindas em áreas de soja plantada mais tarde. De um modo geral, porém, os volumes e a distribuição deixaram a desejar e, com temperaturas ainda muito altas, a safra gaúcha segue perdendo potencial. A produtividade também segue pressionada pela falta de chuva no sul de Mato Grosso do Sul.

No restante do País, as lavouras se desenvolvem bem e a colheita começa a avançar em pontos de diversos estados. Apesar de perdas isoladas em áreas com excesso de chuva do Matopiba e de Minas Gerais, a expectativa é de safra muito boa em todos esses estados.

A AgRural estima a produção 2021/22 de soja do Brasil em 133.4 milhões de toneladas, após dois cortes consecutivos em dezembro e janeiro devido à estiagem no Sul do País e no Sul de Mato Grosso do Sul.

Pátria Agronegócios – Os trabalhos de colheita da safra 2021/22 no Brasil ainda caminha em ritmo inicial e segundo os números da Pátria Agronegócios divulgados nesta segunda-feira (24) chegam a 4,38% da área. Apesar de tímido, o percentual é bem maior do que o do mesmo período do ano passado de 0,73%. O bom percentual reflete o plantio em ritmo recorde registrado no País nesta temporada.

O percentual de área colhida também se mostra em linha com o do mesmo período de 2020, quando era de 4,59%, e fica acima da média dos últimos cinco anos, que é de 3,66%.

O Mato Grosso, que lidera os trabalhos de campo, já colheu 14,42% da área contra 2,23% do ano passado e frente aos 9,59% da média plurianual. No Paraná, o percentual chega a 8,90%, contra 0,10% de 2021 e 2,92% da média.

“Nos próximos sete dias, as chuvas voltam a se intensificar no Centro-Norte do País, porém a maturação das lavouras já está mais adiantada, devendo resultar em um maior avanço no ritmo de colheita da próxima semana, especialmente nos estados do Paraná, Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul”, informou a consultoria.

Mercado Interno 

Incertezas quanto à produção nacional de soja, expectativas de maior demanda e a recente desvalorização cambial (US$/R$) ampliaram a disparidade entre os preços pedidos e ofertados pela oleaginosa, limitando a liquidez no mercado brasileiro.

Por um lado, produtores, especialmente os da região Sul, relatam grandes perdas na produção devido à escassez hídrica no principal período de desenvolvimento das lavouras. Por outro, agentes consultados pelo CEPEA apontam que a produção nas demais regiões do Brasil deve ser volumosa, compensando boa parte das perdas no Sul.

Agentes também indicam a possibilidade de maior demanda doméstica e internacional nesta temporada, o que tem deixado produtores reticentes nas negociações do remanescente da safra 2020/21 e também de contratos a termo da safra 2021/22. Consumidores também estiveram cautelosos nos últimos dias, diante da desvalorização do dólar e da expectativa da entrada da nova safra.

No mercado spot nacional, o Indicador CEPEA/ESALQ Paraná registrou alta de 1,50% entre os dias 14 e 21 de janeiro, para R$ 177,33/saca de 60 kg na sexta-feira, 21. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa Paranaguá (PR) registrou alta de 2%, no mesmo comparativo, para R$ 180,15/saca de 60 kg no dia 21. Dentre as regiões brasileiras, entretanto, os preços registraram direções distintas. O dólar registrou uma queda de 1,17% entre as duas últimas sextas-feiras, sendo cotado a R$ 5,457 no dia 21.

Milho fecha em alta impulsionado pelo trigo 

Os contratos futuros do milho na CBOT fecharam novamente em alta, com o março registrando a sexta alta consecutiva. Os principais vencimentos registraram ganhos de 3,50 a 4,75 centavos, com o março fechando cotado a US$ 6,21 e o maio/22 a US$ 6,17½ o bushel.

Os contratos futuros do trigo na CBOT fecharam em alta, após duas sessões consecutivas de baixa. Os principais vencimentos registraram ganhos de 19,25 a 20,50 centavos. O março fechou cotado a US$ 8,00½ e o maio/22 a US$ 8,04 bushel.

Vendas EUA

Os exportadores norte-americanos reportaram para o USDA a venda de 150.000 toneladas de milho da safra 2021/22 para destinos desconhecidos.

USDA: Relatório Semanal de Inspeção de Exportações 

O USDA divulgou o seu boletim semanal de embarques de grãos com números dentro das expectativas para milho e trigo.

Na semana encerrada em 20 de janeiro, os EUA embarcaram 1.115.731 toneladas, enquanto as estimativas do mercado variavam entre 900.000 e 1.6 milhão de toneladas. Com esse volume, o total embarcado no ano comercial totaliza 16.437.247 toneladas, que é 13% menor na comparação anual.

Os EUA embarcaram ainda 400.973 toneladas de trigo, contra expectativas que variavam entre 250.000 e 450.000 toneladas. Assim, o total já embarcado do grão pelos EUA em todo ano comercial totaliza 13.218.112 toneladas, 18% a menos do que no ano passado, neste mesmo período.

Brasil – Exportações e Importações 

Até a terceira semana de janeiro, o Brasil exportou 1.744.043 toneladas de milho segundo o relatório divulgado pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, por meio da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

O volume representa um aumento de 763.842 toneladas ao longo da última semana. Sendo assim, o volume acumulado nestes dez primeiros dias úteis do mês já corresponde a 74,33% das 2.346.303 toneladas que foram exportadas durante todo o mês de janeiro de 2021.

Para o analista da Germinar Corretora, Roberto Carlos Rafael, o ano safra 2022/23, que começara no próximo mês de fevereiro, deverá trazer uma retomada das exportações brasileiras de milho novamente para os patamares das 36 milhões de toneladas.

O Brasil importou 140.191 toneladas de milho nas três primeiras semanas de janeiro, segundo os dados divulgados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, por meio da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Isso significa que ao longo dos 15 primeiros dias úteis do mês, o País recebeu apenas 50,50% do que foi importado em janeiro de 2021 (277.436 toneladas).

O analista da Germinar Corretora, Roberto Carlos Rafael, acredita que no próximo ano safra, que começa em fevereiro, o Brasil deve voltar para patamares de importação de milho considerados mais normais dentro das médias históricas, após registrar recorde ao longo de 2021.

Plantio safrinha  

AgRural – Com o avanço mais acelerado na colheita da soja, o plantio da safrinha 2022 de milho chegou na quinta-feira (20) a 5% da área estimada para o Centro-Sul do Brasil, liderado por Mato Grosso. No Paraná, o ritmo das plantadeiras tem sido limitado pela falta de umidade no Oeste e Sudoeste, onde já há problemas de germinação em áreas recém-plantadas e que podem ter de ser replantadas caso não chova nos próximos dias. Um ano atrás, ainda não havia plantio no Centro-Sul do Brasil devido ao atraso da safra de soja.

A colheita do milho verão, por sua vez, segue concentrada nos três estados do Sul, onde os relatos de produtividade continuam comprovando a quebra por estiagem. Até quinta-feira (20), 11% da área do Centro-Sul do País estava colhida, contra 8% um ano atrás, segundo levantamento da AgRural.

Mercado Interno 

Os preços do milho continuam em alta no mercado físico nacional, mesmo com o início da colheita da primeira safra no Sul. Segundo colaboradores do CEPEA, as consecutivas valorizações têm preocupado compradores, que reportam dificuldades para recompor os estoques. No estado de São Paulo, especificamente, mesmo com o aumento da oferta do Centro-Oeste, demandantes têm preferido comprar o cereal paulista, que estava nos armazéns desde a colheita da segunda safra. Porém, menores volumes, a preços mais altos, têm sido adquiridos, mas com entrega rápida.

Entre os dias 14 e 21 de janeiro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP), registrou alta de 1,60%, fechando cotado a R$ 98,33/saca de 60 kg na sexta-feira, 21, acumulando 15 dias consecutivos de alta e voltando aos patamares de agosto de 2021.

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