Sustentabilidade dos reflorestamentos de eucalipto gera ganhos ambientais e econômicos

A Embrapa Monitoramento por Satélite desenvolveu estudos que comprovam os resultados referentes à sustentabilidade e as vantagens da silvicultura nas propriedades agrícolas em diferentes biomas. Foto: Embrapa/divulgação

Estudos desenvolvidos pela Embrapa Monitoramento por Satélite comprovam os resultados referentes à sustentabilidade e as vantagens da silvicultura nas propriedades agrícolas em diferentes biomas. Os principais benefícios apontados pelos projetos GeoVale (análise da distribuição geoespacial e de aspectos ambientais da eucaliptocultura na bacia do Rio Paraíba do Sul) e BioBrotas (biodiversidade faunística, regeneração arbórea e análise espacial em propriedade silvicultural e seu entorno), de silvicultura de eucalipto, são respectivamente a absorção de carbono e o surgimento de espécies arbóreas

Segundo Carlos Cesar Ronquim, pesquisador da entidade e um dos responsáveis pelos projetos, a expansão da silvicultura de eucalipto tem gerado controvérsias, uma vez que se disseminaram crenças sem fundamentação científica de que as florestas de eucalipto são “desertos verdes”, que “eucalipto esgota o solo” ou “eucalipto seca o solo”.

“Entretanto, áreas de sub-bosques, tanto de eucalipto quanto de pinus, podem funcionar como redutos de biodiversidade e até como facilitadoras da restauração de florestas nativas”, afirma.

Ainda de acordo com o pesquisador, no sub-bosque dos reflorestamentos ocorre a ausência de competição com gramíneas, boas condições de fertilidade, umidade do solo e microclima que favorece o surgimento de diversidade de espécies arbóreas nativas. “Portanto, o cultivo do eucalipto é uma boa opção para ajudar na recuperação da cobertura florestal em áreas das propriedades degradadas pela pecuária e pela agricultura intensiva, que atender a legislação ambiental para Reserva Legal, oferecendo ainda ao agricultor uma rentabilidade econômica com a venda da madeira”, acrescenta.

ESPÉCIES

Para Carlos Cesar Ronquim, pesquisador da entidade e um dos responsáveis pelos projetos, o cultivo do eucalipto é uma boa opção para ajudar na recuperação da cobertura florestal em áreas das propriedades degradadas pela pecuária e pela agricultura intensiva. Foto: divulgação

O estudo avaliou a diversidade de espécies arbustivo-arbóreas que ocorrem no sub-bosque de plantios de Eucalyptus e Pinus no Brasil por meio da revisão de 81 trabalhos científicos. “Ao todo foram identificadas 83 famílias, 354 gêneros e 1133 espécies nativas desenvolvendo-se sob a copa do plantio de Eucalyptus spp e Pinus spp”, conta.

Muitas das espécies arbóreas não são produzidas nos viveiros comerciais e 18 das que foram encontradas apresentam algum grau de ameaça de extinção. “Das espécies, 35% ocorrem somente no bioma Mata Atlântica e 16% somente em fisionomias do bioma Cerrado. As demais espécies, 45% do total, ocorrem em ambos os biomas”, observa Ronquim.

De acordo com o pesquisador, o estudo concluiu que a forma de dispersão de sementes predominante, cerca de 68%, é feita por animais. “Das espécies arbóreas encontradas cerca de 460 não foram mencionadas em outros dois estudos que revisaram centenas de trabalhos relacionados às arbóreas com ocorrência em mata ciliar e vegetação de cerrado em grande parte do Brasil.”

Para Ronquim, os resultados desses estudos mostram que a baixa diversidade de espécies no plantio pode ser uma forma adequada para garantir o sucesso da restauração. “Apesar da carência de trabalhos e do pequeno tamanho dos fragmentos estudados, a biodiversidade de espécies nativas arbóreas e arbustivas encontradas é relevante e qualifica esse tipo de fragmento florestal como útil para o surgimento, desenvolvimento e manutenção de espécies florestais nativas”, avalia o pesquisador.

Segundo ele, o plantio de uma única espécie exótica e seu manejo adequado possibilitam a recuperação de áreas florestais nativas. “Essa forma de recuperação pode ser conciliada com a Lei Estadual Paulista nº 12.927/2008 e o Decreto nº 53.939/2009 que permitem a compensação da área de Reserva Legal através do plantio de espécies exóticas intercaladas às nativas, oferecendo uma alternativa economicamente viável para a sua recomposição”, lembra.

 

Por Equipe SNA/SP

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