Tecnologia da informação ajuda a profissionalização da atividade rural

A pesquisa ‘Tecnologia da Informação no Agronegócio’ realizada pelo Sebrae Agronegócios entre março e maio de 2017, revelou que o pequeno produtor rural está se modernizando, incorporando novas tecnologias e profissionalizando os caminhos de seu negócio. Foto: divulgação

O produtor rural está cada vez mais conectado à tecnologia da informação. Essa é a tendência apontada por uma pesquisa do Sebrae Agronegócios que revelou que o pequeno produtor rural estar se modernizando, incorporando novas tecnologias e profissionalizando os caminhos de seu negócio.

A pesquisa “Tecnologia da Informação no Agronegócio” realizada entre março e maio de 2017, entrevistou 4567 produtores rurais de todas as regiões do País e identificou que 71% dos donos de microempresas rurais e 85% dos proprietários de empresas de pequeno porte no campo usam smartphones para acessar a web. “Esses produtores têm a percepção de que quanto mais informados e conectados estiverem mais rentável e competitivo será seu negócio”, afirma a analista técnica da Unidade de Agronegócios do Sebrae Nacional, Andrea Restrepo Ramirez.

Segundo Andrea, a modernização e a transformação digital na agropecuária é um caminho sem volta. “Não é um movimento somente nas grandes propriedades. As pequenas propriedades também estão adotando processos de digitalização de atividades dentro da fazenda que resultam melhorias na gestão e em ganhos de produtividade”, diz ela.

De acordo com a analista do Sebrae, outros fatores também contribuem para essa adesão tecnológica na atividade agropecuária. “Os produtores rurais, que antes estavam fora do movimento digital, foram incluídos a partir do uso de tecnologias de comunicação como o whatsapp. Essa ferramenta democratizou o acesso à internet no telefone celular e permitiu a inserção da população do campo nas redes sociais, que passou a ficar por dentro de novidades”, explica.

Andrea acrescenta ainda que as startups de soluções digitais para agricultura, chamadas de agtechs, estão focando suas soluções para as necessidades dos empreendimentos rurais com um foco de user experience, ou seja, entender a “dor do cliente” e testar com o usuário para ajustar os produtos conforme as necessidades e as especificidades da produção rural em diferentes estágios.

Segundo a analista técnica da Unidade de Agronegócios do Sebrae Nacional, Andrea Restrepo Ramirez, as pequenas propriedades também estão adotando processos de digitalização de atividades dentro da fazenda para melhorias na gestão e ganhos de produtividade. Foto: divulgação

EVOLUÇÃO

Para a analista do Sebrae,o primeiro passo para essa modernização é o conhecimento, por parte dos produtores rurais, de que as tecnologias existem para eles. Segundo Andrea, quando as soluções digitais feitas pelas startups começaram a surgir, em 2012, elas eram focadas para o meio urbano. “À medida que foram percebidas necessidades não atendidas no campo, que poderiam ser solucionadas com tecnologias digitais, as agtechs foram criando e gradualmente dando a conhecer suas tecnologias, e o produtor rural, por sua vez, passou a identificá-las como potenciais soluções para seus gargalos de custos e produtividade”, explica.

Outro fator observado durante a pesquisa é a consciência de que, ao adotar as tecnologias, esse produtor terá impactos na redução de custos, no tempo despendido na atividade, e que a produtividade poderá ter um aumento. “Isso porque os preços dos produtos, em sua maioria, são determinados pelo mercado e a saída para o produtor é ganhar margem na redução de custos para ter eficiência”, observa.

O processo de sucessão familiar, com a entrada dos mais jovens na atividade, seja ajudando os pais ou até mesmo assumindo o negócio, também tem contribuído para a adesão às novas tecnologias nas propriedades. “Isso é um facilitador, pois os jovens são os early adopters (pessoas que passam o dia inteiro descobrindo coisas e ideias novas) das tecnologias”, afirma a analista.

O Sebrae vem investigando a adoção de tecnologia por parte dos produtores rurais para poder se aproximar melhor digitalmente do seu cliente. “Temos percebido que não somente os jovens (até 25 anos) adotam as tecnologias digitais, embora seja essa faixa etária a que está mais conectada”, pondera.

GARGALOS

Na opinião de Andrea, a maior adesão dos produtores rurais às novas tecnologias depende da adaptação dessa modernização para a pequena escala. “Essa é uma das frentes de trabalho do Sebrae para democratizar o acesso da transformação digital para o pequeno negócio rural.  Muitas soluções tecnológicas ainda estão sendo criadas para grandes extensões  e para culturas específicas como grãos e cereais, cujo modelo de negócio foi elaborado para atender a média e grande escala. Mas já sabemos de várias soluções que facilmente poderiam ser adotadas pelos pequenos produtores”, relata.

A outra variável, segundo o levantamento do Sebrae, é a falta de conhecimento da existência de soluções para vários segmentos e o receio de assumir riscos.

EXPECTATIVAS

Sobre a inclusão das novas tecnologias na pequenas propriedades rurais, os números da pesquisa elaborada pelo Sebrae vem sendo corroborados à medida que as instituições e startups se aproximam dos clientes que atendem. De acordo com o levantamento, a conectividade já é uma realidade no campo. Para se ter uma ideia, 96% dos produtores possuem telefone celular, dos quais 60% com smartphone. “Quanto maior faturamento do negócio rural, maior a proporção de produtores que acessam à internet por meio do celular”, informa e faz um comparativo com os empreendimentos que se enquadram dentro do faturamento de empresa de pequeno porte, em que a conectividade é de 85%.

“O sucesso da adoção das tecnologias dependerá do trabalho conjunto de todas as instituições que apoiam o produtor rural no Brasil. O acesso à tecnologia digital no campo é uma realidade no mundo e o Brasil está entrando na mesma onda de modernização da agricultura, mas precisamos democratizar o seu acesso para que o pequeno faça parte dos ganhos que a tecnologia pode trazer para o seu negócio”, conclui a analista do Sebrae.

Equipe SNA/SP

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