Valor Econômico: Governo assegura que custeio da nova safra está garantido

Diante da crescente preocupação do agronegócio brasileiro em relação à disponibilidade de crédito para financiar o setor por conta das turbulências que afetam a economia do país, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, continua tentando apaziguar os ânimos e demonstrar confiança.

“Não estou cega, mas estou otimista. O crédito para custeio [da próxima safra de grãos, que começará a ser semeada em meados de setembro] está garantido, disse ela ontem durante evento na capital paulista que marcou seu ingresso na Academia Nacional de Agricultura. Criada em 2003 por iniciativa da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), com sede no Rio de Janeiro, a academia reúne expoentes do setor e se propõe a servir de fórum de debates e propostas de políticas nacionais que envolvam o agronegócio, com ênfase em ambiente e pesquisa científica.

Segundo Kátia Abreu, a presidente Dilma reiterou em reunião recente no Ministério da Fazenda que “esse setor é diferente dos demais” e que tem certeza que o agronegócio novamente responderá à altura às demandas do país. A ministra admitiu, uma vez mais, que o próximo Plano Safra, referente ao ciclo 2015/16 – o que começará a ser semeado em setembro – de fato terá taxas de juros em geral mais elevadas, mas pontuou que o aumento em relação aos níveis praticados no Plano Safra 2014/15 será compatível com o comportamento da inflação.

A ministra reconheceu que o governo tem que fazer seu “dever de casa”, defendeu o ajuste fiscal e destacou outras ações que estão sendo ou poderão ser adotadas para melhorar o desempenho do setor. Nesse sentido, lembrou que em abril será lançado o novo Plano Nacional de Defesa Agropecuária, que o trabalho de fortalecimento da classe média rural continua, que os mandatos dos adidos agrícolas ligados ao ministério foram renovados e que os esforços para a abertura de novos mercados para os pro dutos brasileiros continuam.

A uma plateia formada por cerca de 30 líderes do setor radicados sobretudo em São Paulo, realçou que o governo já adotou medidas para que o etanol recupere sua competitividade – a volta da cobrança da Cide na gasolina e o aumento da mistura do anidro no combustível fóssil vendido nos postos -, mas garantiu que os trabalhos para o fortalecimento do segmento continuam. Foi bastante aplaudida pelos presentes e elogiada tanto pelo ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues – que cedeu ontem a presidência da academia a Luiz Carlos Corrêa de Carvalho, que comanda a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) – quanto por Antonio Delfim Netto, o outro homenageado do dia.

O encontro, realizado em um hotel de um bairro nobre da capital paulista, foi conduzido por Antonio Melo Alvarenga Netto, presidente da SNA. Contou com a presença de dois ex-ministros da Agricultura além de Delfim Netto e Roberto Rodrigues e de dirigentes de entidades como Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) – da qual Kátia Abreu é presidente licenciada -, Sociedade Rural Brasileira (SRB), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) e Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), entre outras. João Sampaio, ex-secretário da Agricultura de São Paulo, também passou a integrar ontem a academia.

Fonte: Valor | Por Fernando Lopes | De São Paulo

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