Venda de sementes de soja aumenta 6% e totaliza R$ 21 bilhões

O crescimento da área para o plantio da soja no Brasil puxou, naturalmente, o aumento na comercialização de sementes da oleaginosa. Na safra 2021/22, o crescimento desse mercado foi de 6% em relação à safra anterior. Os agricultores brasileiros adquiriram 52 milhões de sacas de 40 quilos e a receita do setor sementeiro chegou a R$ 20.7 bilhões no período.

Mais de 80% dessas sementes de soja foram usadas nos seis principais estados produtores, liderados por Mato Grosso (14.8 milhões de sacas) e Rio Grande do Sul (8.8 milhões de sacas). Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul e Bahia completam a lista.

O setor é formado por 238 empresas produtoras de sementes certificadas de soja, também chamadas de multiplicadores, cuja estrutura industrial está avaliada em R$ 4.5 bilhões, segundo um estudo encomendado pela Associação Brasileira dos Produtores de Sementes de Soja (Abrass).

O investimento anual em pesquisa e melhoramento genético do ramo é de R$ 2.5 bilhões. São 7.000 empregos diretos, principalmente nas Unidades de Beneficiamento de Sementes (UBS) e outros 3.000 postos de trabalho de safristas.

Expectativa

Apesar dos números, o setor enxerga oportunidade de crescer com o aumento da demanda mundial por alimentos e a perspectiva do Brasil ampliar a área e a colheita de soja. O potencial de produção é de 80 milhões de sacos de sementes da oleaginosa em poucos anos.

“As áreas com aptidão climática para a produção de semente já têm estrutura industrial estabelecida e podemos, no curto prazo, aumentar substancialmente o volume de sementes produzidas para atender demanda planejada de crescimento de área plantada de soja, sem necessidade de recorrer à importação de sementes”, disse ao Valor o presidente da Abrass, Gladir Tomazelli.

Ativo

Sócio-diretor da Blink Projetos Estratégicos e responsável pelo estudo sobre o setor, Lars Schobinger disse que a semente é um ativo de alto valor, apesar do custo menor em relação aos demais insumos da lavoura. A saca de 40 quilos custa, em média, R$ 400,00. “O produtor busca defensivos genéricos, mas não sementes. É o produto que mais fideliza”, disse ele.

Segundo Lars, alguns movimentos preocupam os multiplicadores, como a entrada de outros atores nesse segmento já bem pulverizado, como indústrias e tradings, em busca da recuperação da rentabilidade de seus negócios. Na última safra, as revendas perderam relevância na comercialização das sementes – ainda detém 24% dos negócios, e a venda por meio de plataformas cresceu, bem como a participação das sementes salvas.

E, depois de anos de desacertos, multiplicadores e agricultores sinalizaram que haverá entendimento em 2023 para tentar alterar a lei de proteção de cultivares, de 1997, e instituir a cobrança de royalty sobre o germoplasma das sementes salvas.

Mercado

Atualmente, 16% do mercado é ocupado por sementes não certificadas, principalmente as chamadas “sementes salvas”, o equivalente a 10 milhões de sacos. “São R$ 350 milhões que poderiam ser arrecadados e reinvestidos em genética e melhorar a oferta de cultivares aos agricultores”, afirmou Tomazelli.

Para ele, a falta de remuneração sobre o germoplasma gera insegurança jurídica e desincentiva os investimentos de outras companhias na área.

“Apenas uma empresa detém 75% do market share do mercado de genética de soja no Brasil. Com a alteração da lei, o agricultor não perderá o direito de salvar sua própria semente, mas terá de pagar por isso. Os agricultores terão maior disponibilidade de cultivares com características diferentes”, disse o executivo da Abrass.

Garantia

Os produtores de soja não abrem mão do direito de salvar a semente. Isso consiste em reservar uma parte da produção para uso como semente no plantio da próxima safra, sem pagar royalties para as empresas. Eles concordam em contribuir com os multiplicadores, desde que sejam financiadas pesquisas para desenvolvimento de novas cultivares.

“Seria uma garantia. Hoje não achamos mais no mercado a soja sem biotecnologia. Gostaríamos de ter uma garantia de que vamos ter novos materiais de cultivares”, disse Antônio Galvan, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil).

Fonte: Valor
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