Volume de capital de risco para startups no Brasil supera US$ 8 bilhões com previsão de alta em 2022

Com a pandemia, a aceleração dos processos de digitalização e de uso de tecnologia nas fazendas aumentou a oportunidade de realização de negócios. Foto: Pixabay

De janeiro a outubro de 2021, as startups brasileiras receberam mais de US$ 8 bilhões em investimentos de capital de risco (venture capital). Nesse período, foram registradas 614 negociações. O resultado indicou um crescimento de 119% em relação ao volume de capital aplicado durante todo o ano de 2020 (US$ 3.6 bilhões). Os dados são do Inside Venture Capital Report e foram divulgados pelo portal Distrito.

Em nove meses, o volume de recursos para as startups no País, incluindo as fintechs, e com origem em fundos e investidores de capital de risco, alcançou, até setembro deste ano, a marca recorde de R$ 33.5 bilhões, segundo análise da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap). O número supera em três vezes o valor aportado no mesmo período do ano passado.

A Abvcap informou ainda que, no terceiro trimestre de 2021, os fundos de venture capital investiram em 85 empresas. Entre abril e junho do ano passado, 66 empresas foram contempladas. Além disso, R$ 11.1 bilhões foram destinados para negócios, valor 109% maior do que o registrado em igual período de 2020.

“Não apenas rounds institucionais (seed e series A, B e em diante) cresceram em volume e quantidade, (mas também) o número de redes de anjo, de deals fechados e volume de capital investido também tiveram saltos significativos”, destacou, em recente artigo, o professor Fábio Póvoa, sócio e investidor-líder da Smart Money Ventures.

“O ano de 2021 foi um divisor de águas, um verdadeiro terremoto em alto mar, mas o ‘tsunami’ empreendedor de 2022 está prestes a começar”, disse.

Projeção e cenário

“O painel 2021 da Rede de Investidores Anjo Brasil projeta investimento de R$ 80 milhões para o balanço geral do ano, 76% a mais do que o contabilizado em 2020, que foi de R$ 45,2 milhões. Somente no primeiro semestre de 2021, o valor atingiu R$ 39,9 milhões, quase o total do ano passado”, destacou Póvoa, lembrando ainda que o ciclo de juros baixos fez com que investidores pessoa física percebessem a importância de tomar risco para buscar melhores retornos.

“Em relação aos valores das rodadas, o crescimento foi de 35% no valor médio por investidor. Atualmente, neste ecossistema específico, 18 redes de anjo atuam em parceria, sendo 344 startups investidas desde a fundação das redes, o que totaliza 2.560 investidores nas redes, com projeção de crescimento de 29% em relação ao número total deles de 2020”, complementou o especialista, que também falou sobre a importância do investidor-líder.

“Ele catalisa todo o processo, ao atuar na contínua atração, qualificação, análise, diligência, validação, tomada de risco, escrita do memorando de investimento e divulgação da rodada”, salientou Póvoa. “Este papel multifacetado empresta à startup e ao round em si uma importante âncora de credibilidade, reputação e momentum de captação, podendo fazer a diferença na decisão dos coinvestidores liderados”.

Avanços

O sócio da Smart Money observou que, “se por um lado há abundância de capital, nichos de mercado a serem disruptados, tecnologias na crista da onda”, um dos maiores limites ao crescimento do empreendedorismo sempre foi a escassez de cérebros. Isso mudou substancialmente neste ano, em várias frentes”, ressaltou Póvoa, chamando a atenção para alguns avanços como os nichos de mercado das chamadas edtechs, que oferecem a educação como estratégia de recrutamento para atrair e selecionar os melhores talentos, e a adoção, pelas universidades, do empreendedorismo como nicho educacional.

Em seu artigo, Póvoa associa a atual facilidade para o lançamento de startups à evolução de tecnologias e ferramentas como computação em nuvem, templates, scripts, mecanismos de busca, algoritimos, entre outras.

Agtechs

No agronegócio, os investimentos em startups também cresceram. Com a pandemia, a aceleração dos processos de digitalização e de uso de tecnologia nas fazendas aumentou a oportunidade de realização de negócios. Isso fez com que o agro se tornasse o terceiro setor com maior número de startups no Brasil, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Startups (Abstartups).

Nesse contexto, as agtechs têm recebido investimentos milionários. O levantamento da Abstartups também indicou que 73% desses empreendimentos atuam “dentro da porteira”. Segundo informação do Radar Agtech Brasil 2020/21, o agro brasileiro conta atualmente com mais de 1.500 startups.

Números recentes comprovam o crescente volume de investimentos. Em março desse ano, a Provivi, que trabalha com soluções de controle biológico de pragas agrícolas, recebeu US$ 55 milhões (cerca de R$ 298 milhões). Desse total, US$ 10 milhões (cerca de R$ 54 milhões) vieram da Bill & Melinda Gates Foundation.

Em outubro, a startup Amachains, que atua no segmento de rastreabilidade com Blockchain, recebeu um aporte de R$ 400 mil. No mesmo mês, um projeto de criação de um banco para adubação verde no Brasil foi contemplado com US$ 40 mil do Massachusetts Institute of Technology (MIT).

Este mês, a startup Agrofy, focada em marketplace no agronegócio, conseguiu captar mais US$ 30 milhões em uma nova rodada de investimento, e conquistou posição de destaque na América Latina.

Empreendedorismo

“O movimento empreendedor veio para ficar, com cada vez mais profissionais se dando conta da importância (e da oportunidade) de tomar as rédeas do seu próprio destino das mãos de um superior, um chefe, uma corporação, um plano de carreira (argh!) desenhado pelo RH”, disse Póvoa.

“Esta nova mentalidade empreendedora encontra terreno fértil (…) para que ideias se transformem em produtos e serviços escaláveis, que atendem dores de mercado reais e propiciam a construção de empresas de alto crescimento.”

Acesse aqui o artigo de Fábio Póvoa na íntegra.

 

 

Fontes: Digital Money Informe/Globo Rural

Equipe SNA

 

 

 

 

 

 

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